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Governistas aprovam relatório na CPMI da Petrobras; parecer da oposição irá para o Ministério Público

O Palácio do Planalto colocou a sua maioria no Congresso para trabalhar nesta quinta-feira (18) e aprovou, sob protestos da oposição, o relatório chapa-branca do deputado Marco Maia (PT-RS) na CPI Mista da Petrobras. O placar ficou em 19 votos a favor e 8 contra. Em reação às manobras dos aliados da presidente Dilma Rousseff, os oposicionistas entregarão ao Ministério Público Federal todo o conteúdo do relatório em separado apresentado por eles na tarde de quarta-feira (17). Polícia Federal e Justiça Federal também devem receber cópias do material.

Produzido pelo deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), o texto pede a responsabilização de Dilma pela compra da refinaria de Pasadena (EUA) e o indiciamento da presidente da companhia, Graça Foster, do diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza, e de mais 59 envolvidos no esquema de desvio de dinheiro da petrolífera. No texto, o tucano recomenda ainda a instauração de inquérito policial contra 36 pessoas citadas nos processos que apuram as irregularidades cometidas na Petrobras.

De acordo com o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), a CPI mista foi encerrada de acordo com as expectativas do governo, sempre indisposto a esclarecer os sucessivos episódios de desvio de recursos públicos. “Ao longo de todo o tempo, o Palácio do Planalto e a base fizeram de tudo para que não avançássemos nas investigações.”

Integrante do colegiado, o deputado federal Izalci (DF) criticou, especialmente, a conivência de muitos petistas e demais representantes do governo, que nunca haviam comparecido a nenhuma reunião da CPI Mista da Petrobras e votaram nesta quinta pela aprovação do parecer de Maia. “Os parlamentares governistas vão para uma CPI como se o objetivo fosse defender o governo e não aprofundar as investigações”, disse. “Quem saiu decepcionada com o resultado foi a população, que esperava mais das apurações.”

O parlamentar tucano defendeu ainda a instalação de uma nova CPI em 2015 para retomar as apurações sobre o esquema de corrupção. Segundo ele, os congressistas não terão como fugir, já que, em breve, deve ser divulgada a lista dos integrantes do núcleo político que operou na organização acusada de desviar recursos da estatal. “Ficará muito difícil para qualquer parlamentar votar contra a instalação de uma nova comissão já tendo conhecimento do conteúdo das delações.”

Conduta inacreditável – A sessão que finalizou as atividades da comissão foi marcada por sucessivas artimanhas dos governistas. Ressabiados, eles se refugiaram na sala da liderança do PTB, partido pertencente à base, e lá aguardaram o possível esvaziamento da sessão do colegiado, o que inviabilizaria a votação de qualquer relatório. Na ocasião, Imbassahy classificou de inacreditável a conduta dos congressistas. “É uma humilhação. Não podemos acreditar que senadores e deputados da base governistas se recusem a votar o relatório do Marco Maia”, disse.

O constrangimento em torno do texto do petista era notório. Pressionado pela avalanche de críticas que sofreu desde a semana passada, quando apresentou o relatório da CPI Mista da Petrobras sem indiciar ninguém e desconsiderando a gravidade da negociação de Pasadena, ele fez ontem algumas alterações em seu parecer. Maia pediu o  indiciamento de 52 suspeitos pelos crimes de corrupção, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, entre outros, e admitiu que a aquisição da refinaria norte-americana causou prejuízo aos cofres públicos.

Diante da pressão dos oposicionistas, os aliados do governo se apresentaram na reunião. Sem encontrar no relatório de Maia os argumentos necessários para defendê-lo, eles apontaram equívocos no parecer da oposição. Incluído por Sampaio na relação dos que merecem ser investigados, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), questionou a veracidade dos depoimentos prestados pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, dentro do acordo de delação premiada, e que chegaram a público por meio da imprensa. Muitos trechos das informações repassadas pelos delatores comprometem, inclusive, a presidente Dilma e o ex-presidente Lula.

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