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Quando a verdade dói

A resposta da presidente Dilma Rousseff às criticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao governo Lula em seu artigo “Herança Pesada” é mais um exemplo de como não se deve comportar a personagem que ocupa o mais alto cargo do país.

Quando um político senta na cadeira da Presidência da República ele deve, necessariamente, despir-se dos conceitos, preconceitos e crenças impostas por seu partido. Ele deixa de ser representante de um partido, de uma coligação, para se transformar no presidente de todos os brasileiros.

Nesse sentido, ele não pode chamar para si uma crítica feita a terceiros ou a uma agremiação. Deve responder, apenas, as críticas ao seu próprio governo – ou mandar algum ministro fazê-lo – ou, principalmente, dar respostas oficiais quando o país sofrer alguma crítica injusta de outra nação.

Portanto, parece inteiramente descabido uma Presidente da República assinar, de próprio punho, uma Nota Oficial que não diz respeito aos interesses ou aos problemas do país. Só há uma única e exclusiva explicação: ela o fez a pedido de alguém ou para agradar a um grupo político – no caso, o ex-presidente Lula e ao PT – na verdade, aos dois.

As críticas de Fernando Henrique Cardoso (leia a íntegra no site www.psdb.org.br) são procedentes e, em tempos de julgamento do Mensalão do PT no Supremo Tribunal Federal (STF), desnudam não só o sistema de corrupção instalado pelo PT no Palácio do Planalto, como também a ineficiência política, gerencial e administrativa do ex-mandatário petista.

Não há qualquer dúvida de que a atual Presidente da República recebeu, sim, uma pesada herança do seu antecessor, como descrita no artigo: demissão de sete ministros que permaneceram nos cargos, todos acusados de corrupção; a ausência de uma reforma tributária e da reforma previdenciária; a nossa precária infraestrutura, carente de boas rodovias, aeroportos, portos etc.

Então, qual a razão de uma Presidente da República se mobilizar e mobilizar seu staff para defender o indefensável?

Razões puramente políticas, de interesses partidários, dentro do jogo, da disputa interna de poder no PT.
O avassalador julgamento do Mensalão do PT pelo STF destrói, definitivamente, a imagem pública do PT, a de um partido acima de qualquer suspeita, de integrantes puros, honestos e de trabalhadores.

Não, o PT não é assim e nem é isso. Como qualquer organização humana, está sujeito a falhas. No caso do PT, um violento esquema de corrupção partidário tentou se apoderar do Estado brasileiro e usar a máquina administrativa para seus interesses eleitorais e, em alguns casos, pessoais.

O STF e as condenações já definidas expõem abertamente a ferida do partido, com consequências fatais para quem disputa as eleições municipais de outubro. O partido e seu rei estão nus. Caíram as máscaras da “honestidade”, da “seriedade”.

Essa é a verdade dos fatos, não há como responder. Sabemos que, muitas vezes, a verdade dói e incomoda ouvi-la, ainda mais quando vem de um adversário político respeitado em todo o mundo e com a autoridade de quem governou o país por oito anos.

Fica, para a atual Presidente da República mais uma lição: não se pode misturar alhos com bugalhos. PT é o PT. Governo é Governo. São duas instâncias que não se misturam e nem devem misturar seus interesses, como prova o Mensalão.

Está na hora da própria Presidente Dilma seguir o roteiro de seu texto e começar a governar olhando para o futuro e não para o perverso passado do seu partido e do seu antecessor.

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