Início Eleições 2012 PT envia repórter para tumultuar entrevista coletiva de Serra

PT envia repórter para tumultuar entrevista coletiva de Serra

O PT deu início, nesta sexta-feira (28), a uma nova, e lamentável, estratégia eleitoral em São Paulo. Enviou um repórter da Rede Brasil Atual, grupo de comunicação mantido por sindicatos filiados à CUT (Central Única dos Trabalhadores), para tumultuar a coletiva de imprensa do candidato José Serra, na Mooca, Zona Leste da cidade.

Após o candidato detalhar sua proposta de ampliar as vagas de ensino técnico na cidade, o repórter o questionou em tom agressivo: “Veio agora à cabeça ou é seu projeto de governo?” Serra quis saber em qual veículo o repórter trabalhava, mas a resposta foi: “Não interessa. O senhor vai responder a minha pergunta ou não?”.

Após insistência do candidato, ele admitiu ser funcionário da Rede Brasil Atual, ligada à CUT e ao PT. Serra prosseguiu com a coletiva e já se dirigia ao carro que o levaria embora quando o mesmo repórter o abordou, novamente de forma provocadora: “Você só responde pergunta favorável?”. Antes de entrar no carro, o candidato ainda foi xingado pelo jornalista da CUT.

O uso de supostos repórteres para provocar adversários ou, por outro lado, tentar promover o candidato Fernando Haddad não é inédito nesta eleição. Na última quarta-feira (26), após caminhada de Haddad por Santana, na Zona Norte, um rapaz a serviço do PT se misturou aos jornalistas presentes e passou a simular perguntas claramente favoráveis ao candidato. O episódio risível foi registrado pela imprensa.

A Rede Brasil Atual é um órgão de propaganda sindical e partidária, criada em conjunto pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e pelo Sindicatos dos Bancários de São Paulo. Outros sindicatos menores aderiram. Segundo a própria Rede Brasil Atual, em vídeo que pode ser visto no YouTube, trata-se de um órgão de propaganda controlado por “58 entidades sindicais parceiras”.

A diretora responsável pela publicação é Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de SP e filiada ao PT. O outro responsável é Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A diretora financeira é Ivone Maria da Silva, secretária de Estudos Socioeconômicos do Sindicato dos Bancários de São Paulo. A rede foi criada dentro de um esforço concentrado do PT para tentar impor a própria visão de mundo aos meios de comunicação reais. Na época, o PT, sob inspiração de José Dirceu, sonhava criar uma estrutura de imprensa sindical que lhes desse suporte político e eleitoral.

Não é a primeira vez

Não é a primeira vez que a CUT usa a Rede Brasil Atual para fazer propaganda travestida de jornalismo e tentar influir no processo eleitoral. Em abril, o Tribunal Superior Eleitoral condenou a CUT e a Editora Atitude “por fazerem propaganda eleitoral ilícita em favor da então candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) à Presidência da República, Dilma Rousseff, e contrária a José Serra, candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB)” durante a campanha de 2010. A Editora Atitude é parte da Rede Brasil Atual.

A mais alta corte eleitoral do país julgou que a central sindical e a editora a ele ligada promoveram a candidata do PT enquanto atacavam o candidato de oposição. A lei proíbe sindicatos de fazer propaganda eleitoral, mesmo fingindo ser jornalismo.

 Haddad deu mais de R$ 20 milhões para a CUT

Mantida pelos sindicatos com o dinheiro dos trabalhadores, a Rede Brasil Atual poderia, por exemplo, esclarecer o que aconteceu no escândalo CUT-Ministério da Educação. Segundo notícias veiculadas hoje pela imprensa, a CUT recebeu R$ 24 milhões do Ministério da Educação (MEC) durante a gestão de Fernando Haddad para oferecer cursos de alfabetização que jamais foram realizados, segundo ficou comprovado por uma auditoria do TCU.

A central sindical, que é ligada ao PT e controla a Rede Brasil Atual, já foi obrigada a devolver R$ 4,5 milhões aos cofres públicos e, pela decisão, terá de devolver o restante. Além do MEC, a CUT também recebeu valores da Petrobras para o mesmo fim – neste caso, mais R$ 26 milhões. Como também não há nenhuma prova de que os recursos tenham sido empregados em cursos de alfabetização, a CUT também terá de devolver os valores.

Os cursos de alfabetização que a CUT deveria ter feito com o dinheiro público nunca foram vistos por ninguém. A Rede Brasil Atual está aí. Só não vê quem não quer.

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