Meses após o então deputado Roberto Jefferson ter concedido a bombástica entrevista à “Folha de S. Paulo” denunciando o esquema, o petista Delúbio Soares afirmou ao jornal “O Estado de S.Paulo” que as denúncias seriam esquecidas e virariam “piada de salão”. Sete anos mais tarde, os magistrados endossaram a tese apresentada pelo relator, Joaquim Barbosa, de que Delúbio era o executor do esquema, comandado por Dirceu.
Já o ex-presidente Lula vem agindo como uma metamorfose ambulante (confira vídeo produzido pelo PSDB em julho). Ontem classificou de “hipocrisia” a condenação de seus correligionários. Nos últimos anos, tentou alegar que o mensalão era mero caixa 2 e chegou a dizer que o esquema cheirava a folclore dentro do Congresso Nacional. No entanto, em 12 de agosto de 2005, havia afirmado: “Não tenho nenhuma vergonha de dizer ao povo brasileiro que precisamos pedir desculpas. O PT tem que pedir desculpas. O governo, onde errou, tem que pedir desculpas”.
Sobre a tese esfarrapada do caixa 2 de campanha, ontem o petista teve que engolir uma severa crítica da ministra Carmen Lúcia, que destacou ter sentido “profundo desconforto” quando Delúbio assumiu diante do STF a prática de caixa dois. “Acho estranho e grave que uma pessoa diga ‘houve caixa dois’. Ora, caixa dois é crime, é uma agressão à sociedade brasileira”, reprovou. Marco Aurélio Mello também fez uma crítica indireta ao ex-presidente da República, que sempre alegou desconhecer o esquema. “No Brasil há essa prática de nada se saber”, disse o magistrado de forma irônica.
Do PSDB na Câmara