Na avaliação do deputado Walter Feldman (SP), a nota divulgada pelo Diretório Nacional do PT acusando “a oposição e seus aliados da mídia de criminalizar” o partido causa indignação. No texto, a sigla se diz vítima de hipocrisia e intolerância. A nota não cita explicitamente o julgamento do mensalão, mas ao fazer um balanço do desempenho do partido nas eleições do último domingo ataca “setores conservadores” que “demonstram sua intolerância, sua falta de vocação democrática, sua hipocrisia, os dois pesos, duas medidas”.
O documento foi divulgado nesta quarta-feira (10), dia em que o Supremo Tribunal Federal concluiu o julgamento do núcleo político do esquema. A condenação de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares já havia sido decretada ontem pela maioria dos magistrados. Hoje, os ministros Celso de Mello e Carlos Ayres Britto se manifestaram sobre o caso. Ao todo, Dirceu recebeu oito votos pela prática de corrupção ativa, Delúbio, dez, e, Genoíno, nove. Ouça aqui.
O tucano disse estar indignado com a atitude da sigla. “É uma postura cínica e antidemocrática porque não respeita as instituições. O Supremo toma uma decisão de forma independente, com o reconhecimento da mídia internacional, de criminalizar a direção do partido e o PT tenta construir imagem em cima de inverdades”, ressaltou.
Segundo o deputado, a legenda tenta se distanciar da realidade. “O PT é um partido isolado, criminalizado, que está indo aos tribunais e à prisão e ainda tenta espernear. É contra a justiça, a democracia, a liberdade de expressão”, declarou.
O ex-presidente do PT José Genoino entregou o cargo de assessor especial do Ministério da Defesa nesta quarta-feira (10). Ele afirmou que o STF cometeu “uma injustiça monumental” com sua condenação no julgamento do mensalão. Segundo o petista, a Corte transformou ficção em realidade e disse que existe uma campanha de ódio contra o Partido dos Trabalhadores.
Para Wandenkolk Gonçalves (PA), as declarações são uma tentativa de tapar o sol com a peneira e amenizar o desgaste político da legenda. “A votação foi tão expressiva e contundente que não tem como eles buscarem alternativas para esconder a verdade. A verdade simplesmente prevaleceu e o processo democrático cada vez mais se consolida”, avaliou.
De acordo com Celso de Mello, o mensalão foi um “projeto criminoso”. “O que se rejeita é o jogo político motivado por práticas criminosas perpetradas à sombra do poder, o que não pode ser tolerado e não pode ser admitido”, disse ao argumentar seu voto. “Há políticos, governantes e legisladores que corrompem o poder do Estado, exercendo sobre ele ação moralmente deletéria, juridicamente criminosa e politicamente dissolvente.”
Para Ayres Britto, o entrelace dos réus está provado e o julgamento respeitou o direito de cada um deles. O ministro disse que não restam dúvidas das práticas delituosas dos núcleos político, financeiro e publicitário. “Um partido não tem direito de se apropriar de outro, menos ainda à base de propina. Tivemos uma aliança à base de compra de deputados pela profissionalização do mediador. Compra-se a consciência do parlamentar corrompido, trai o povo inteiro, porque trai o mandato popular, recebido do povo”, destacou.
Do PSDB na Câmara