Artigo | Opinião
Paulo Serra
A visita recente que fiz ao High Line, em Nova York, nos Estados Unidos, oferece um exemplo paradigmático de como intervenções urbanas baseadas em planejamento estratégico podem reconfigurar profundamente a dinâmica socioespacial de uma metrópole. Trata-se de um parque suspenso, implantado sobre uma antiga linha férrea desativada, que representa uma tendência contemporânea do urbanismo: a revalorização de infraestruturas obsoletas mediante soluções que integram sustentabilidade, espaço público qualificado e estímulo ao desenvolvimento econômico.
Sua implantação demonstrou que políticas urbanas bem desenhadas são capazes de transformar áreas degradadas em vetores de vitalidade, ampliando mobilidade a pé, segurança, uso social e integração entre bairros.
Este tipo de transformação dialoga diretamente com experiências implementadas em Santo André-SP, ao longo dos últimos oito anos e 11 meses de gestão. Intervenções em territórios como Santa Teresinha, Cassaquera, Paranapiacaba, Maurício de Medeiros, entre outras regiões do município, evidenciam que a requalificação urbana depende de três pilares fundamentais: planejamento territorial consistente, boa governança, e responsabilidade fiscal. Bases que, como qualquer política pública, carecem de continuidade, de escala e de capacidade de produzir efeitos sociais duradouros.
O reequilíbrio das contas de Santo André foi condição estruturante para se viabilizar investimentos em áreas históricas e equipamentos coletivos e permitiu que a cidade do Grande ABC retomasse ações em Infraestrutura, nos parques, quanto à iluminação pública, em drenagem, e nas áreas de lazer e de Mobilidade Urbana – elementos essenciais para qualificar o território.
A exemplo do High Line, as intervenções andreenses reafirmam que, urbanização não é apenas obra física, mas, sim, política pública integral. A requalificação dos espaços produz externalidades positivas: melhora da circulação de pessoas, valorização imobiliária equilibrada, aumento do sentimento de segurança, fortalecimento do comércio local, além de expansão das oportunidades de convivência comunitária.
Além disso, tais transformações só se concretizam mediante à atuação de uma equipe técnica competente, capaz de articular diagnósticos precisos, participação social e capacidade de execução.
O paralelo entre o High Line e Santo André evidencia, portanto, que boa gestão pública, planejamento urbano de longo prazo e responsabilidade fiscal formam o tripé de qualquer transformação efetiva. E, não menos importante: experiências internacionais reforçam que, municípios que se modernizam são aqueles que, independentemente de escala, colocam o cidadão no centro e tratam o espaço público como infraestrutura social estratégica.
Como demonstra a trajetória recente de Santo André, transformar a cidade é imprimir mudança para melhor no cotidiano e isso exige visão, método e compromisso permanente com o futuro urbano.
