Ao avaliar o lançamento do novo pacote de privatizações, o Líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), lamentou a interrupção de dez anos na agenda implantada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Também criticou a falta de planejamento e preparação. “Estaríamos atravessando outra etapa, uma fase de melhorias do que foi feito, se o país não tivesse sofrido com o impróprio viés ideológico adotado desde o início da gestão petista. A verdade é que, se é inegável que a economia do país deu um salto nos últimos 20 anos, também é evidente que, do ponto de vista de investimentos em infraestrutura, o Brasil perdeu uma década. Ficou parado sob o comando do PT”, criticou.
Araújo destacou que o despertar tardio do Governo para a necessidade de investimentos esbarra em falhas primárias: falta de preparação, de planejamento e de projetos bem definidos. “Pelo que foi divulgado, ainda ontem, faltando apenas um dia para o anúncio do pacote, despontavam mais dúvidas do que certezas. Sobre o que fazer com os portos e aeroportos, que acabaram excluídos, por exemplo, decisões sobre investimentos e o custo da energia elétrica ou sobre o projeto do trem-bala, iniciativa de prioridade duvidosa e polêmica”, destacou.
Até quando concordou em retomar as privatizações no setor rodoviário e dos aeroportos, o Governo perdeu muito mais tempo justificando a mudança de postura do que em planejamento. “O Brasil estaria em outro patamar se o PT, por convicção meramente ideológica e eleitoreira, não tivesse interrompido os programas e reformas então em curso, enfraquecido as agências regulatórias e desperdiçado recursos públicos em despesas não essenciais”, disse Araújo.
“Infelizmente, nada garante que o programa que está sendo anunciado não vá ficar também no papel. Isto porque só agora, apesar dos alertas recorrentes do PSDB, de outros partidos de oposição e de todo o setor empresarial, o Governo parece ter se convencido de que é essencial aumentar os investimentos no País com a participação preponderante da iniciativa privada, sem preconceitos ideológicos – reconhecendo tardiamente a absoluta incapacidade de investimentos do Estado”, alertou.
Os aeroportos licitados pelo Governo petista são um exemplo negativo do modelo escolhido pelo Partido dos Trabalhadores, com resultados muito distantes do esperado. Do mesmo modo, o último grande pacote de privatizações de rodovias foi licitado em 2007, com obras que deveriam ser concluídas até o início de 2013 – nenhuma ficará pronta no prazo. Dos oito grandes projetos, cinco sequer foram iniciados. “Espero que esses erros não se repitam”, concluiu Bruno Araújo.