Início Notícias do PSDB Se for condenado pelo Supremo, José Dirceu terá uma vasta ficha corrida...

Se for condenado pelo Supremo, José Dirceu terá uma vasta ficha corrida para exibir

Como lembra o Instituto Teotonio Vilela, a partir da Casa Civil do governo de Lula foi montada uma máquina para corromper parlamentares que se sujeitassem a sustentar o projeto de poder do PT. “O ministro-chefe a comandava. Condenado, poderá exibir uma ficha corrida e tanto: ex-ministro, deputado cassado, presidiário e quadrilheiro”, diz trecho da Carta de Formulação e Mobilização Política desta quinta-feira (04). Leia abaixo a íntegra:

O primeiro e decisivo passo para condenar José Dirceu e a antiga cúpula petista pelos crimes do mensalão foi dado ontem, com o voto do ministro Joaquim Barbosa. A pá de cal deve ser jogada nesta quinta-feira quando se espera que – se nenhum ministro não interpuser delongas injustificáveis – a mais alta corte do país considerará aqueles que, até pouco tempo atrás, comandavam o PT culpados por desviar dinheiro público para comprar apoio político no Congresso.

Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, além de outros sete réus, foram condenados ontem por corrupção ativa pelo ministro relator. A partir da Casa Civil do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foi montada uma máquina para corromper parlamentares que se sujeitassem a sustentar o projeto de poder do PT. O ministro-chefe a comandava.

Barbosa empilhou um monte de evidências para mostrar que José Dirceu detinha o “domínio final de todos os fatos” do mensalão. Nada acontecia sem a sua anuência, de tratativas de liquidação de bancos à exploração do raríssimo nióbio. Marcos Valério era seu operador – “broker”, ou corretor e negociador, na definição do ministro relator.

De fato, é difícil admitir que Dirceu participasse de tantas e tão díspares reuniões, com tão distintos interlocutores, sem que fosse para tratar da montagem e da atuação da quadrilha que concebeu, estruturou e operacionalizou o maior esquema de corrupção que se tem notícia na história política do Brasil.

Mais: como explicar que, para tratar de mineração ou de sistema financeiro, estivessem sempre sentados à mesa de reuniões com Dirceu o tesoureiro do seu partido (Delúbio Soares) e um publicitário cujo maior dom era montar esquemas de desvio de dinheiro público para molhar a mão de parlamentares (Marcos Valério)?

Mais ainda: como explicar que, logo depois de realizadas tais reuniões, uma gorda dinheirama tenha saltado das burras do Banco Rural para os cofres do PT, de onde escorreu para o bolso dos mensaleiros? Terão sido meras coincidências? Barbosa deixou claro que não: era o mensalão mesmo em plena ação.

A defesa de Dirceu argumenta que uma das reuniões com o pessoal do Rural serviu para tratar da exploração de nióbio. Estranhíssimo. Primeiro, porque, até onde se sabe, não é atribuição da Casa Civil cuidar de pesquisa mineral. Segundo, porque o Brasil tem um único produtor do metal – aliás, um dos únicos no mundo: a CBMM, que pertence, justamente, a um grupo concorrente do banco mineiro, o Moreira Salles, então à frente do Unibanco, hoje do Itaú-Unibanco. O que, diabos, o Rural iria querer com nióbio? Nada, provavelmente; o papo era outro.

Os interlocutores de Dirceu eram gente que não tinha nada a ver com assuntos de governo ou com os temas alegados pela defesa do “chefe da quadrilha”, mas tudo a ver com o mensalão, como ressalta Marcelo Coelho em precisa análise sobre o voto de Barbosa ontem no Supremo, publicada na Folha de S.Paulo.

Era uma profusão de “reuniões fechadas, jantares, encontros secretos”, com Dirceu “em posição central, posição de organização e liderança da prática criminosa, como mandante das promessas de pagamentos de vantagens indevidas aos parlamentares que viessem a apoiar as votações do seu interesse”, conforme resumiu, com a acuidade de sempre, Joaquim Barbosa em seu voto.

São evidências de sobra para que José Dirceu passe uns bons tempos no xadrez. Se condenado a mais de oito anos pelos ministros do STF, amargará cumprimento da pena em regime fechado. Um ocaso e tanto para quem foi o segundo homem mais poderoso da República e sonhava tornar-se o maioral. Dirceu terá uma ficha corrida e tanto a exibir: ex-ministro, deputado cassado, presidiário e quadrilheiro.

Hoje, O Estado de S.Paulo diz que o PT prepara manifestações de desagravo para seus próceres condenados pelo Supremo. A turba petista costuma saldar gente como o ex-ministro com urros e palavras de ordem do tipo “Dirceu, guerreiro do povo brasileiro”. No encontro que terão após a conclusão do julgamento do mensalão pelo STF, poderá inaugurar um novo brado retumbante: “Dirceu, quadrilheiro do povo mensaleiro”.

Fonte: ITV

Artigo anteriorPresidente do PSDB-SP, Pedro Tobias, pede voto nos candidatos do partido
Próximo artigoGoverno investe R$ 127 milhões na duplicação da SP-095, em Amparo