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“A sociedade quer mudança”, diz Bruno Covas em entrevista à Revista Época

Uma ala do PSDB defende que o partido apresente uma novidade na eleição paulistana no próximo ano. Ninguém representa melhor essa ala que o secretário estadual do Meio Ambiente, Bruno Covas. Aos 31 anos e eleito deputado estadual por Santos, ele é um rosto pouco conhecido na capital, apesar de ostentar o sobrenome famoso do avô, o ex-governador Mário Covas. Formado em Direito e Economia, mestrando em Administração Pública, o novo Covas ergue a bandeira da renovação do PSDB. “A sociedade quer  mudança”, diz.

Como é carregar o sobrenome conhecido do seu avô? Parente de político e igual a parente de cantor: ajuda a lançar o primeiro CD, mas para levar o povo no show precisa saber cantar. É natural que, no primeiro momento, as pessoas tenham um pouco mais de curiosidade, mas se você não tem vocação, não tem dedicação, é excluído. O sistema é muito competitivo para se investir só em questão de sobrenome ou qualquer outro atributo involuntário.

Você abdicaria de sua candidatura em favor de José Serra, caso ele resolva ser candidato?Não estamos trabalhando com essa hipótese hoje. Serra tem colocado que não quer ser candidato.

A seu ver, quais são suas chances de ganhar as prévias? As prévias são uma eleição diferenciada. Mais silenciosa, interna, não tem anúncio em jornal, não tem comitê. É mais difícil de se medir as chances em relação a uma eleição qualquer, quando há pesquisa e campanha na rua. Como ela é mais silenciosa, é mais difícil prever qualquer resultado, ainda mais com quatro candidatos fortes. O que sinto é que há hoje um sentimento muito forte a favor de renovação, a favor de mudança, a favor de novos quadros. O partido não está alheio a esse sentimento.

Como está sendo a campanha com os filiados? O que estamos sentindo é que as prévias são o elemento unificador do partido no momento. A militância está com muita vontade de escolher o candidato e a sociedade tem acompanhado o processo de forma muito positiva. Não é só o momento de escolher de baixo para cima o candidato, mas também o momento de escolher de baixo para cima as propostas, as ideias. É o momento de depuração, inclusive, de um programa de governo que será apresentado à população em julho do ano que vem.

O senhor é considerado o novato dentre os pré-candidatos tucanos. Como pretende contornar isso? Sou o mais jovem, mas talvez não novato. Já fui eleito e reeleito deputado estadual, fui para rua, conheço a população, os trâmites das eleições e agora conheço o Executivo. Acredito que o governador Geraldo Alckmin não iria escolher alguém que fosse inexperiente para uma secretaria.

Como o senhor avalia a gestão de Gilberto Kassab? Acertou do que errou. Por exemplo, a Lei Cidade Limpa e o programa Mãe Paulistana são grandes conquistas. As ciclofaixas na área de transporte menos poluente são um exemplo de acerto. Mas eu acredito que a população não está querendo que façamos política olhando para o retrovisor. Temos de olhar para frente, para o futuro e colocar São Paulo no século XXI.

Quais são suas principais propostas ? Em relação às creches, ainda há um déficit muito grande de vagas e temos que ampliar o horário de atendimento. No trânsito, é preciso ampliar o sistema de corredores de ônibus. Apenas um terço do plano para transporte público elaborado na gestão Mário Covas, em 1983, foi implantado até o momento. A questão da qualidade do ar hoje é uma das grandes preocupações da cidade, então é importante trocar a frota de ônibus para veículos movidos a etanol e investir em experiências como a da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), que está testando ônibus movidos a hidrogênio. Há outras preocupações, como a área de segurança: queremos uma cidade mais iluminada. São Paulo tem hoje uma vocação de ser uma cidade de serviços. Precisamos nos qualificar mais para recebermos mais turistas e ampliar o turismo de agora, muito relacionado a negócios, para a área de cultura. Temos que aproveitar o centro de excelência que virou São Paulo para ampliar a geração de emprego e renda.

Teresa Perosa

 

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