Pode-se dizer hoje que uma geração de brasileiros não sabe o que é inflação. Tampouco saberia imaginar como conviver com uma hiperinflação. Essa talvez tenha sido a principal, mas não a única, herança do Real, a moeda que entrou em circulação na manhã do dia 1º de julho de 1994.
Fruto de um plano idealizado por uma equipe de economistas ligados ao PSDB, sob o comando do então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. O sucesso foi tamanho, que FHC teve o nome lançado para a sucessão de Itamar Franco e acabou eleito, em primeiro turno, presidente da República naquele mesmo ano.
Lá se vão 25 anos. A estabilidade econômica garantiu ao Brasil um novo patamar no cenário mundial e a nova moeda permitiu que os brasileiros voltassem a se programar, sem ter de calcular as perdas diárias do valor do salário mensal, que derretia com uma inflação resistente a vários planos econômicos, que chegou a bater na casa dos 5.000% ao ano.
O ajuste nas contas públicas iniciado pelo Plano Real foi o alicerce para que o Brasil não só voltasse a investir, como iniciasse um processo de distribuição de renda a partir de uma série de programas sociais, como o Bolsa Escola, Vale Gás e o Cadastro Único, que unificados viabilizariam, anos mais tarde, o Bolsa Família.
“Ao acabar com a inflação, já de início, o Real produziu como resultado um bem-estar para a população. E porque estabilizou, permitiu outros passos que nós começamos a dar também. O Bolsa Família veio do Bolsa Escola, criado no meu governo. Reforma agrária, também avançamos. E outras medidas como a universalização da educação primária”, lembrou Fernando Henrique em uma entrevista ao Portal do ITV, concedida no último dia 19 de junho, um dia depois de completar 88 anos.
Na sede da fundação que leva seu nome, Fernando Henrique fez uma avaliação sobre sucesso do Real, as várias ameaças que a estabilidade econômica enfrentou nos últimos anos e ainda aproveitou a oportunidade para dar um conselho aos tucanos que estão na vida pública: “Não basta só fazer. Tem que proclamar que fez. O PSDB tem sido tímido em reivindicar para si o que fez. Tem que cacarejar. Político que não cacareja não tem resultado”.
Sobre o papel do PSDB, nesta conjuntura de radicalismos e divisão do país, FHC recomendou que o partido mantenha sua responsabilidade e separe o que é interesse do Brasil do que é interesse eleitoral, apoiando “o que for correto”.
Confira a entrevista!