Igor Gielow – Da Folha de S. Paulo
O PSDB tem de estar sentado à mesa principal das discussões sobre a frente contra Jair Bolsonaro e a esquerda em 2022 e disposto a abrir mão da sua joia da coroa, o governo paulista. A avaliação é do principal nome da sigla, o governador João Doria (PSDB-SP).
Em uma conversa em que só faltou admitir abertamente o segredo de polichinelo que é sua pretensão, ele foi claro: “Não sou candidato à reeleição”, disse, sentença para a qual o corolário é óbvio.
Defendendo uma frente em nome de um “novo Brasil” e se dizendo um antiextremista, Doria não rejeita o poder de seu grande ativo eleitoral até aqui: o fato de que São Paulo poderá avançar rapidamente com sua campanha de vacinação contra a Covid-19.
Também diz que o manejo da pandemia, em oposição à balbúrdia da gestão Bolsonaro, será ativo eleitoral em 2022.
Há um consenso de que neste pleito o centrismo ganhou, e o presidente Jair Bolsonaro e a esquerda foram os principais perdedores. O sr. concorda? Isso indica algo para 2022? Eu concordo. Os perdedores foram os extremos nessa eleição. Olhando o Brasil, tanto a extrema esquerda quanto a extrema direita. Talvez seja cedo para dizer que a indicação de 2020 seja válida para 2022, mas ela é uma bússola. A população votou contra o populismo de direita e de esquerda.
A pandemia também tem ajudado a definir o gosto do eleitor este ano pela continuidade e, tudo indica, será dominante em 2021. O sr. acredita que a vacina e o comportamento na pandemia serão um ativo político em 2022? Não acredito que a vacina, mas aqueles que trabalharam ao lado da medicina, da ciência e da saúde. Esses terão um ativo reconhecido. Os negacionistas perderam seus ativos.
Falando em vacina, a Coronavac deverá ter documentação pronta para registro na Anvisa já na semana que vem? Provavelmente até 15 de dezembro, segundo todas as indicações. Ela já tem 95% de segurança e 97% de resposta imune provada em testes. Foi a maior testagem de vacina no Brasil. A Anvisa tem no limite 30 dias para fazer sua manifestação final e definitiva. A partir disso, e espero que ela seja isenta na análise, a vacina pode ser usada.
Lembrando o episódio da suspensão dos testes, o sr. teme que possa haver algum atraso de cunho político? Espero que não. Espero que a Anvisa seja vigilância sanitária, não vigilância ideológica.
Há duas semanas, o sr. chamou de fake news a ideia de que haveria mais restrições depois das eleições. Covas falou que a situação na capital era estável. Ainda assim, na segunda (30) veio o anúncio. Não foi isso. Na realidade eu gravei um vídeo afirmando que era mentira que iríamos fechar o comércio, bares e os restaurantes depois da eleição. Isso foi produzido pelo gabinete do ódio ou seguidores dele. E não fechamos.
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