Titular da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o deputado Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP) reprovou, na última quinta-feria, o anúncio feito pelo ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes, segundo o qual o Brasil pretende insistir nas negociações multilaterais na Organização Mundial do Comércio, mesmo após o fracasso da rodada de Doha. “O ministro não tem muito a dizer depois desse retumbante fracasso. A insistência isolada do Brasil na OMC tem possibilidade nula de sucesso”, assegurou o tucano.
ABRAÇO DE TAMANDUÁ
O deputado lembrou que quase todos os países emergentes já estão, há tempos, negociando separadamente com a União Européia e com os EUA, principalmente, a redução das barreiras de importação dos produtos agrícolas. Até a Austrália, antigo companheiro de demandas do Brasil, está negociando bilateralmente com a UE para tentar penetrar no mercado agrícola europeu, fortemente subsidiado e com muitas barreiras a produtos estrangeiros.
Pannunzio acredita que o governo Lula não terá qualquer sucesso nas demandas de comércio internacional, especialmente nesse “final melancólico de governo”. “Qualquer atitude efetiva só será tomada no próximo governo. E esperamos que com outros interlocutores brasileiros”, declarou o parlamentar.
O tucano lamentou que o Brasil perdeu uma grande oportunidade de atender os interesses nacionais no plano externo. “Foram fixados parâmetros de política externa com base em conceitos ideológicos”, apontou. Segundo Pannunzio, a principal conseqüência do viés ideológico da política externa petista foi o ´abraço de tamanduá` dos companheiros Hugo Chávez, Fidel Castro e Evo Morales em Lula, que sufocou o petista. “Isso sem contas nas outras trapalhadas que não resolveram nenhuma das reais demandas comerciais e industriais do país”, criticou.
Na última segunda-feira, o governo brasileiro admitiu o fracasso da rodada de negociações de Doha, na África do Sul. Os países emergentes pleiteavam junto aos países desenvolvidos garantias de liberalização dos mercados agrícolas em troca da redução de barreiras a bens industrializados e serviços. Especialistas avaliam que o Brasil será o país mais prejudicado com a paralisia nos entendimentos, já que não buscou outras formas de acordo. Alguns economistas estimam que o país perdeu o equivalente a três anos de exportações com os resultados negativos de Doha.
Fonte: Agência Tucana