Por Marco Vinholi – Presidente Estadual do PSDB-SP
Ao receber a decisão do Governador João Doria de deixar a disputa pela Presidência da República em 2022, a grande pergunta que faço a mim mesmo é qual será o futuro do nosso partido. Essa reflexão é feita em torno da compreensão das razões que levaram o partido a deixar de lançar candidato a Presidente da República pela primeira vez desde a sua fundação, mesmo após realizar um processo de escolha interna democrática, o maior processo de prévias já realizado no país. Se dá também em torno da decisão de João Doria, um líder com biografia impecável, um legado de governos de excelência, conhecido por sua coragem e obstinação nas lutas que enfrenta.
O desfecho baseou-se na responsabilidade histórica que temos e na complexidade do momento que vivemos, cientes de que somente por meio da busca pela unidade do projeto do centro democrático poderemos cumprir nossa travessia pelo deserto político que vive nosso país.
Neste momento, o exercício da convergência, da unidade, do espírito público e coletivo serão nossas principais armas para continuar lutando pelo Brasil e pelos brasileiros.
Doria acrescentou à sua biografia mais uma honrosa página que nos remete ao gesto de André Franco Montoro com Tancredo Neves, na época o candidato da conciliação nas eleições indiretas de 1985, fundamental para a consolidação da redemocratização. Um gesto de grandeza, de desprendimento e de enorme espírito público que colocará Doria no seu devido lugar na história política do nosso país. Doria será um ativo muito relevante para nosso partido e sem dúvida terá muitas colaborações ainda para dar na construção do país que sonhamos. Seu até breve foi gigante.
Bom, e o futuro do PSDB? É evidente que o papel do PSDB-SP no plano nacional vai se dar no fortalecimento da terceira via, na luta pela defesa da pauta social-democrata e, sobretudo neste momento, na garantia de que não haverá retrocessos na formação do campo político que estamos construindo dadas as constantes estratégias de interesses externos que buscam enfraquecer a terceira via.
Mais ainda e de fundamental importância está o avanço no trabalho que transformou o estado de São Paulo no Brasil que dá certo. Do estado quebrado recebido por Mario Covas do governo Fleury e que, com competência e muito trabalho, foi totalmente transformado.
A conjuntura radical e complexa da política nacional busca trazer para São Paulo candidaturas artificiais, apadrinhados estaduais para sustentar os palanques dessa briga nacional. Mais do que nunca será necessário que nossa militância, nossas lideranças e todo o partido se una para defender São Paulo em torno da candidatura de Rodrigo Garcia, fiel depositário dos avanços, do conhecimento e dos valores do povo de São Paulo. Essa união deve se dar não somente em prol do PSDB, mas em favor dos paulistas e dos brasileiros.
O lema descrito nas divisas da capital do nosso estado por Guilherme de Almeida, consagrado há exatos 100 anos na Semana de Arte Moderna, nunca esteve tão atual e relevante para a consciência coletiva da nossa gente. “Non Ducor, Duco”. São Paulo não é conduzida, conduz. Desta feita, é hora de trabalho, de organização e de luta.
Remetendo a célebre frase de Tancredo Neves: “Não vamos nos dispersar”.