Por João Doria
Os eleitores não são culpados pelo dilema no qual o país se encontra
Eu não desisti do Brasil. Ao contrário, tenho convicção do potencial que temos para superar nossos problemas históricos. Tenho orgulho de uma vida pública ilibada, com resultados expressivos para o povo de São Paulo.
Tanto na capital quanto no estado, com o apoio de uma equipe competente, nós crescemos, geramos milhões de empregos e entregamos obras consideradas impossíveis, como a despoluição do rio Pinheiros.
Com competência e seriedade provei que é possível governar para todos, resolver os mais graves desafios e deixar um legado emblemático de realizações. Não economizei esforços e fui até a China estabelecer uma parceria com um dos maiores laboratórios do mundo para comprar a vacina que salvou milhões de brasileiros. Foram 124 milhões de imunizantes contra a Covid-19. Salvamos vidas e a nossa economia.
Diante desse legado, tenho recebido inúmeras manifestações de apoio de pessoas lamentando minha saída da corrida presidencial. Diversos analistas afirmam que, sem uma candidatura forte, a chance de a eleição terminar no primeiro turno aumenta significativamente. Estamos diante do dilema de dar um passo para trás com alguém que não teve pulso para combater a corrupção ou manter um governo que é comprovadamente ineficiente em todas as suas áreas de atuação. Um verdadeiro desgoverno, que se sustentou pelo ódio, por uma máquina de destruição de reputações, pelas fake news e que hoje contesta sua própria rejeição pública. Não há dúvidas de que se o presidente estivesse em primeiro lugar nas pesquisas não haveria nenhuma contestação às urnas eletrônicas, por exemplo. O que ele e seus seguidores contestam é a própria realidade.
O brasileiro não é culpado pelo dilema no qual se encontra. Não foram os brasileiros que permitiram desvios de dinheiro público. Tampouco foram os brasileiros que escolheram negar a ciência, a vacina e negligenciaram o atendimento às vítimas da Covid. Não se pode culpar o eleitor pelos erros dos seus governantes. O eleitor achou que estaria escolhendo o melhor caminho. Foi traído pelos últimos governos populistas. E os mais pobres é que estão pagando o preço mais alto desta crise. Não há dúvida de que precisaremos de mais tempo para que o pêndulo político deixe de variar da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, para depois parar no centro, que é o caminho do equilíbrio.
Desde que decidi deixar de ser candidato à Presidência da República tenho me colocado à disposição para colaborar com reflexões para o nosso país. Estou certo de que colocar o Brasil no rumo certo é uma tarefa possível, uma questão de competência e compromisso com valores que superam diferenças ideológicas.
A solução para o Brasil está longe dos radicalismos. Penso que, em breve, estaremos maduros para priorizar políticas públicas sociais que corrijam desigualdades, gerando empregos, renda e riqueza para os brasileiros. E também tenha maturidade com um compromisso liberal, que tire das costas do Estado empresas e instituições que são ineficazes, deficitárias ou má geridas para entregá-las a uma gestão privada com o compromisso de fazê-las funcionar.
É possível crescer economicamente distribuindo renda e fazendo justiça social. Tornar o Estado mais eficiente nas áreas onde ele precisa ser eficiente. É possível, sim, um Estado que internacionalmente seja multilateral, que respeite o meio ambiente, que diminua desigualdades, que tenha sensibilidade pela cultura e pela ciência, mas que também tenha responsabilidade fiscal, que respeite os pilares que sustentam nossa economia. É possível, sim, trocar o populismo por eficiência. E sempre, absolutamente sempre, respeitando a liberdade e a democracia.
Estarei atento e pronto a colaborar para a construção de um país melhor, seja na iniciativa privada ou na vida pública. Meu propósito sempre foi e sempre será fazer o certo, fazer bem feito, com esmero e transparência. Alguns podem chamar isso de perfeccionismo, mas prefiro chamar de amor pelo Brasil.