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Uma ciclovia de araque

Carlos Roberto de Campos

Sempre foi comum, em Guarulhos e na maioria das cidades, o prefeito aproveitar o aniversário do município para presentear a população com uma série de obras. Mas isso só acontece quando a Prefeitura tem realizações a mostrar e usa a data para marcar os investimentos realizados em prol da população. Neste ano, como já abordamos na semana passada, Guarulhos quase não teve o que comemorar na passagem de seus 451 anos. O calendário de inaugurações foi tão minguado que a própria Prefeitura não fez muito alarde.

Talvez ainda estivesse com vergonha de, em 2010, ter inaugurado uma rodoviáriaque consumiu quase R$ 20 milhões de dinheiro do povo e até hoje não se mostrou útil aos guarulhenses. Tanto é assim que neste dia 8 de dezembro, início de um feriado prolongado, o tal Terminal Turístico registrou 153 embarques. Ou seja, lotação inferior a quatro ônibus, numa prova de que a atual administração joga dinheiro fora.

Neste domingo, ainda como parte dos festejos do aniversário, o prefeito Almeida anuncia que irá inaugurar a primeira ciclovia da cidade, na avenida Paulo Faccini. Mais uma enganação, já que – para começo de conversa – ciclovia é uma via voltada para os ciclistas, onde há uma separação física isolando as bicicletas dos demais veículos. Ela funciona todos os dias de forma segregada, já que nela é proibida a circulação de carros, motos e pedestres. Com isso o ciclista pode pedalar com tranquilidade e segurança.

O que Almeida está inaugurando na Paulo Faccini, ligando o Viaduto que vai do nada ao lugar algum até a região do Carrefour, da Vila Rio, é uma ciclofaixa, já que se trata apenas de faixa pintada da avenida reservada aos ciclistas em um dia da semana, em horário pré-determinado. Ou seja, não tem nada de ciclovia.

Se fosse só na terminologia que o prefeito quisesse enganar o povo, nem seria um problema tão grave. Mas Almeida se esquece de contar para a população que a Prefeitura de Guarulhos recebeu do Ministério do Turismo, em 2009, quase R$ 1,4 milhão sabe para quê? Para desenvolver um plano cicloviário para o Município.

Dois anos depois, apesar de todo esse dinheiro que entrou nos cofres da Prefeitura, a única coisa que ele foi capaz de fazer nada mais é do que mandar pintar o chão da Paulo Faccini de vermelho. Seria cômico se não fosse mais um escancarado mau uso do dinheiro do povo.

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