O secretário de Energia do Estado de São Paulo, José Aníbal, só pensa em ser prefeito. Economista de 64 anos nascido em Rondônia, Aníbal já foi presidente do PSDB, teve cinco mandatos de deputado federal e foi secretário de Ciência e Tecnologia. Sua principal bandeira é a descentralização da administração municipal. “A prefeitura tem que estar mais à disposição das comunidades. Hoje, está muito fechada”, disse, em entrevista à jornalista Teresa Perosa.
Quais são suas chances de vencer as prévias do partido? Sou um militante. Fui presidente nacional da legenda, quatro vezes membro da bancada. Também fui secretário durante o governo Covas, quando fiz a primeira faculdade pública e gratuita da zona leste de São Paulo, a Fatec. Sou secretário de Energia do Geraldo (Alckmin), tenho uma boa vivência política, um bom grau de conhecimento sobre a cidade e a prefeitura de São Paulo, para mim, é projeto de vida. Então, sou só o Zé Aníbal mesmo, candidato do PSDB.
Como o senhor avalia a gestão de Gilberto Kassab? É muito centralizada. Com isso, ela perde em qualidade. Não consegue absorver o talento das comunidades. Se o poder público não está presente, a comunidade vai tentando resolver de um modo ou de outro. Paga-se imposto em São Paulo e o Orçamento da prefeitura não é pequeno. Ela tem que estar mais à disposição das comunidades, porque está muito fechado. Com essa administração centralizada, a prefeitura não dá conta dos desafios das diferentes regiões, que vão se eternizando, como limpeza de córregos, vagas em creches, diminuição do tempo da consulta no posto de saúde e melhoria do trajeto dos ônibus.
Quais são suas propostas? Minha ideia é criar prefeituras distritais, com poderes suficientes para atrair investimento, apostar em ensino técnico, serem incubadoras de empresas e, claro, para dar atenção ao dia a dia das comunidades, que não têm onde reclamar, do ponto de vista do poder público. Em São Paulo, sustentabilidade está associada a competitividade econômica, justiça social e preservação ambiental. Hoje, não há competitividade em São Paulo. A prefeitura não tem nenhuma instância de atração de investimentos. Também defendo que o presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) tenha status de secretário, porque ele é o responsável pela circulação em São Paulo. Defendo uma parceria forte entre o governo municipal e o governo estadual, unha e carne, independentemente de quem esteja no poder.
No que as prefeituras distritais difeririam das subprefeituras atuais? As subprefeituras estão completamente esvaziadas. As prefeituras distritais teriam autonomia para atrair investimento, conceder incentivos fiscais e estímulos para a implantação de empresas. O subprefeito hoje não tem dinheiro para ir em Campinas. Imagine uma viagem ao exterior. O prefeito distrital cuidará não só de poda de árvore, lombada, sinalização ou varrição. Ele tem que fazer muito mais. A prefeitura distrital seria uma instância resolutiva.
O que o PSDB deve temer, na eleição? É complicado escolher adversário. O PT é forte, mas sempre perdeu eleição em São Paulo. A Marta (Suplicy) só ganhou porque o PSDB a apoiou. E governou tão mal que vencemos a eleição seguinte.
O candidato petista é o ministro da Educação, Fernando Haddad. Ele parece uma ameaça ameaça ao projeto tucano. Ameaça de quê? Ele não conhece nem a cidade. Para pensar em governar São Paulo tem que ter vivência da cidade. Ele nunca viveu a cidade, não conhece a geografia paulistana nem desafios da metrópole. Pode aprender? Até pode, mas leva um bom tempo. A Prefeitura de São Paulo é projeto de vida. É preciso ter um envolvimento cotidiano e permanente com as comunidades, com as entidades, mantendo o diálogo e apurarando o que é melhor para cidade.
Durante a Ditadura Militar, o senhor militou ao lado da presidente Dilma Rousseff. Ainda mantêm contato com ela? Sim. Tenho muita admiração por Dilma. Ela é uma pessoa íntegra e que está procurando fazer o melhor para o Brasil. Evidentemente, o partido ao qual ela faz parte sofreu um desvio total e irrestrito considerando seus propósitos iniciais. Atualmente, é um partido de conveniência, de jogo de poder exclusivamente.
Teresa Perosa