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Crack: mais de um milhão de famílias devastadas

Andrea Matarazzo

“Um milhão de brasileiros é dependente da mais perigosa das drogas. Ela não só acaba com a vida dessas pessoas: é devastadora para as famílias”. Creio que o leitor já imagina a que droga esta frase – tirada de uma reportagem da revista Veja (junho/2011) – se refere: o crack. Essa verdadeira tragédia tem avançado exponencialmente sobre um número cada vez maior de famílias brasileiras. Os reféns dela estão presentes em qualquer classe social, ricos ou pobres, mas sempre concentrados nos jovens.

Faço essa reflexão para abordar um capítulo que está em pauta nestes últimos dias. Em São Paulo, uma operação iniciada pela polícia na Nova Luz, centro da cidade, tem sido motivo de debates. Isso é importante, mas não podemos perder de vista o cerne da questão. Há dois pilares a serem erguidos no combate ao crack, um deles é a repressão do tráfico da droga. Esse é o objetivo da ação na Nova Luz neste momento. O outro pilar é de caráter de saúde. É fundamental que o poder público, por meio da Saúde e da Assistência Social, dê tratamento aos dependentes químicos que não têm ninguém, assim como são cuidados aqueles que ainda têm família com condições para tratar.

Nessa operação recente, fala-se da migração dos viciados da Nova Luz para outros lugares. Temos de lembrar que estas pessoas vão a essa região para comprar e consumir drogas, elas não moram lá, não são do bairro; elas migram para lá para se abastecer de crack. A concentração em um só lugar facilita a vida dos traficantes, que criaram um lucrativo ponto de vendas. E é isso que está sendo enfrentado pela polícia, por um lado. Por outro, no âmbito nacional, o tráfico tem de ser coibido na fronteira do país, por onde entram os insumos; e tem de ser combatido nos locais de produção, nos laboratórios escondidos em diversas cidades.

Os que criticam a operação realizada em nossa cidade não têm ideia do que se passa na região da Luz ou querem usar politicamente essa tragédia contemporânea, as drogas no Brasil. São Paulo não pode permitir a existência de um mercado a céu aberto para venda de crack.

 

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