Andrea Matarazzo
A economia brasileira surgiu das atividades extrativistas e agrícolas, consolidou-se no século passado com a indústria e, mais recentemente, uma parcela da produção nacional vem se concentrando nos setores de comércio e serviços.
Nos últimos anos, outra área vem surgindo com força total, principalmente nas capitais: a economia criativa.
Novidade nesse panorama, a economia criativa pode ser definida como o ciclo que engloba criação, produção e distribuição de bens que têm a criatividade como sua matéria-prima.
Neste conceito, o talento e a habilidade de grupos ou indivíduos são os insumos primários de todo um setor que se baseia no conhecimento para criar riqueza, emprego e renda.
Isso inclui desde as manifestações culturais tradicionais ao mercado da arte, passando pela publicidade, meios de comunicação de massa, mercado editorial, arquitetura e design.
A cidade de São Paulo, assim como várias grandes cidades brasileiras, é um bom exemplo do movimento criado pela economia criativa.
Hoje, cerca de 10% do produto interno bruto da capital paulista é gerado neste campo. Trata-se de um setor que surge e se desenvolve oferecendo, fundamentalmente, empregos formais e bem remunerados.
No contexto mundial, algumas cidades, como Londres, Berlim e Barcelona, passaram a exercer políticas públicas de aberto favorecimento à instalação das atividades ligadas à economia criativa, e, com isso, recuperaram prestígio, geraram empregos, atraíram turistas, ganharam capacidade de investimento público e qualidade urbana.
Os governos – federal, estaduais e municipais – podem e devem seguir o exemplo europeu para que as cidades brasileiras alcancem posição favorável para o desenvolvimento da economia criativa, com compartilhamento de responsabilidades e investimentos.
Na divisão de competências tradicionalmente praticada entre as esferas de governo, muitas vezes entende-se que o estabelecimento de políticas econômicas não é atribuição das prefeituras.
De fato, a União e os Estados estão melhor equipados para isso. Mas as prefeituras contam com uma série de instrumentos, tanto fiscais, como urbanísticos e administrativos, que devem ser utilizados para fortalecer este segmento da economia.
As possibilidades de ação são imensas. Cito algumas ideias: estabelecimento de polos tecnológicos com foco em empresas de design, animação, cinema, publicidade; oferecimento de incentivos fiscais específicos para atividades com grande capacidade multiplicadora; revitalização de centros urbanos, oferta de facilidades para as atividades que usem e valorizem a paisagem urbana; oferta de incentivos fiscais para que atividades da economia criativa se instalem e usem áreas urbanas decadentes; o apoio à micro empresa e ao empreendedorismo; a redução da burocracia e a racionalização de processos administrativos.
Todos estes são exemplos de políticas poderosas e que devem ser exercidas em favor das atividades ligadas à economia criativa, um nicho crescente de empregos, renda e desenvolvimento no Brasil contemporâneo.