Transformar a Baixada Santista em um centro de formação profissional na restauração de bens artísticos e culturais do Estado de São Paulo. Esta é a proposta que o deputado estadual Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP) apresentará à diretoria do Centro Paula Souza, fundação responsável pelas Escolas Técnicas (Etecs) e Faculdades de Tecnologia (Fatecs) mantidas pelo Governo do Estado.
No encontro, agendado para o próximo dia 16, em São Paulo, o parlamentar e uma comissão de técnicos vão propor à diretora-superintendente do Paula Souza, Laura Laganá, a criação do curso de Técnico em Conservação e Restauração de Bens Culturais do Estado de São Paulo, em uma das Etecs da região. O objetivo é qualificar a mão-de-obra para atuar na recuperação do patrimônio histórico.
Caso a proposta seja aprovada, o curso técnico será o primeiro público do Estado de São Paulo a ser oferecido pelo Paula Souza. No Brasil, em razão da escassez de profissionais especializados em restauro, a oferta não atende a demanda de serviços. “Muitos técnicos são contratados em outros estados para recuperar imóveis tombados pelo Patrimônio Histórico em cidades paulistas, o que comprova o bom campo de trabalho”, observa Paulo Alexandre.
O Técnico em Conservação e Restauração de Bens Culturais recebe qualificação para atuar no estudo, planejamento, orçamento e assistência técnica no processo de restauro. O curso também habilita para o monitoramento e a conservação de bens culturais e históricos.
Referência – Em Minas Gerais, a Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP) é pioneira na capacitação profissional para o restauro de bens culturais. O curso da instituição foi criado na década de 70, sendo hoje uma das principais referências nesse tipo de ensino técnico.
Com diploma reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC), boa parte dos profissionais formados pela FAOP atuou em projetos de recuperação e preservação do patrimônio histórico de cidades históricas mineiras, como Ouro Preto, Mariana, Diamantina, Sabará, Tiradentes e São João Del Rey.
No Estado de São Paulo, apesar da existência de milhares de bens de alto valor histórico e cultural, o Centro Paula Souza ainda não oferece essa qualificação. Para o deputado, a criação do curso poderá ajudar nos projetos da recuperação de prédios históricos. Muitos deles estão deteriorados e mal conservados.
Em Santos, por exemplo, há templos, como o Santuário Santo Antônio do Valongo, que têm um acervo de bens sacros que precisam ser rapidamente restaurados sob pena de se perderem por completo. O projeto Alegra Centro, instituído pela Prefeitura de Santos, oferece incentivos fiscais, como a isenção do IPTU e do ISS da obra, para quem investe na recuperação dos prédios históricos.
“Cada vez mais cresce a conscientização de que este patrimônio deve ser preservado. Abre-se, portanto, um amplo mercado de trabalho para o técnico em restauração, uma profissão com vasto campo de trabalho. Com a criação desse curso, a Baixada pode se tornar uma referência nesta qualificação, como já ocorre em Ouro Preto”, destaca Paulo Alexandre.
