Fábio Lepique
O PSDB fez história ao realizar as prévias que definiram José Serra como o candidato do partido a prefeito de São Paulo. O partido rompeu com a tradição brasileira do mandonismo autoritário, no qual um líder define com um “dedaço” o comportamento dos partidos. Nada mais contrário ao espírito democrático, que pressupõe decisões coletivas resultantes de debates públicos. No mandonismo tradicional brasileiro, o chefe político assume ares messiânicos e não pode ser contrariado. A seus comandados cabe apenas seguir bovinamente o tanger do condutor.
O PSDB rompeu com essa tradição e abriu um novo caminho que, acreditamos, é irreversível. José Aníbal, José Serra e Ricardo Tripoli se submeteram à avaliação de mais de seis mil filiados. Participaram de centenas de reuniões e debates, discutindo em profundidade os assuntos da cidade, apresentaram suas visões e foram expostos a opiniões contraditórias. O resultado desse processo é um partido mais forte, mais unido e com vida renovada. A candidatura de José Serra nasce com a marca da legitimidade e totais condições de construir alianças amplas e um grande projeto para São Paulo.
Ressalte-se a qualidade dos homens que participaram, com grandeza, desse processo de decisão coletiva. Não é demérito para ninguém, por maior que seja sua folha de serviços prestados, pedir o apoio do militante anônimo e discutir nas bases partidárias os assuntos públicos. Esse tem sido o exemplo do governador Geraldo Alckmin.
Acreditamos nos benefícios do debate público, livre e sem censura. Acreditamos que as prévias do PSDB paulistano fizeram história e vão empurrar outras forças políticas a adotarem mecanismos de democracia interna. Acreditamos que demos uma contribuição importante para oxigenar a política brasileira e colocá-la num novo patamar, mais republicana, civilizada e democrática.


