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Doa a quem doer

Alberto Goldman

Segundo os jornais o ex-presidente Lula foi o grande articulador da criação da CPI mista do caso Carlinhos Cachoeira.  Parece que foi.  Como o conhecemos e sabemos que ele não faz nada que não tenha como objetivo os seus próprios interesses, pergunta-se, por quê?  Quais são eles?

Em parte o presidente do PT, Rui Falcão, respondeu, ao afirmar que a CPI vai mostrar que o “mensalão” foi uma farsa montada pela oposição.  Rui Falcão não estava apenas procurando confundir as coisas a fim de tentar inocentar os autores dos crimes já qualificados pelo Ministério Público, que atingem figuras de relevo do seu partido.

Estava fazendo um papel a serviço do Lula que nunca esqueceu o frio por que passou quando das investigações da CPI. Lula achava, inclusive, que as investigações poderiam levar ao seu “impeachment”, ao mesmo caminho trilhado pelo ex-presidente Collor.  Um verdadeiro trauma por que passou e marcou sua vida.  Uma mancha que permanecerá para sempre na história política do país, obtida durante o seu mandato presidencial. Nem os 80% de prestígio que veem obtendo apaga o episódio.

Além disto, Lula vislumbrou a possibilidade de atingir algumas figuras da oposição, especialmente o governador Marconi Perillo, que ele tentou derrotar, sem sucesso, no pleito de 2010, que explicitou publicamente que o havia avisado da existência do esquema criminoso. Fingiu não ouvir, muito menos se dignou a tomar alguma atitude.
O ódio do ex-presidente é tão profundo que resolveu levar adiante a operação, “doa a quem doer”, ainda que isso pudesse destruir figuras dos partidos de apoio ao governo Dilma, contrariando a ela que fica sob o risco de um caos no Congresso Nacional que, além de paralisar os trabalhos, pode fazer respingar sobre seus aliados.
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