Personagem central do julgamento do mensalão, que começa daqui a duas semanas no Supremo Tribunal Federal, o ex-ministro José Dirceu exilou-se na casa da mãe, Olga Silva, em sua cidade natal, Passa Quatro (MG).
“Terra boa mineira, na serra, comida da mamãe”, afirmou Dirceu sobre as “férias” que ele tira da cena política até segunda-feira.
José Dirceu entra na casa de sua mãe em Passa Quatro
Na cidade, de aproximadamente 15,5 mil habitantes, ele circula, desde o início da semana, num ritmo bem menos frenético do que o mantido em Brasília ou São Paulo. Livre de assédio, conversa com moradores na rua principal de “P4”, como ele chama a cidade onde nasceu.
Usando um agasalho da seleção brasileira, faz caminhadas matinais e vai às compras no mercadinho.
Na terça, chegou a tirar foto de um tucano –a ave símbolo do rival PSDB– que pousou na praça vizinha à casa.
No imóvel, que conta com um grande jardim e é pintado em tons pastéis, Dirceu costuma demorar-se na varanda. O casarão, com vista para a Serra da Mantiqueira, foi comprado por ele há cinco anos para a mãe –que tem 92 anos. Viúva, Olga morava antes numa casa alugada.
Na cidade também moram irmãos de Dirceu. Ontem, dia chuvoso, ele almoçou com um deles. Hoje, ficará com uma irmã em outra cidade do interior de Minas, Itajubá.
O ritual de refúgio em família antecede o processo que selará seu destino.
A pausa coincide com o recesso do Supremo, que será palco do debate sobre o mensalão, esquema do qual, segundo a Procuradoria-Geral da República, o petista era o “chefe da quadrilha”.
Mesmo longe dos holofotes, Dirceu mostra não estar alheio ao cotidiano nacional.
Quando um menino passou de bicicleta e tocou a campainha, ele dispensou os três empregados da casa e foi pessoalmente pegar o jornal.