O empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e a mulher dele, Andressa Mendonça, combinaram de pagar R$ 7 mil para evitar que uma empregada do casal revelasse informações sobre eles.
A Polícia Federal interceptou a conversa em 30 de janeiro deste ano, cerca de um mês antes de Cachoeira ser preso acusado de comandar um esquema de corrupção.
A mulher citada na conversa como Elisângela não foi identificada pela PF, mas a CPI do Cachoeira tenta encontrar pistas dela. O diálogo mostra o “modus operandi” de Cachoeira.
É Andressa quem estimula o pagamento. “Eu acho que dá [para pagar], vai ficar livre de um problemão. Já pensou se essa mulher encrespa aí para o nosso lado, conta alguma coisa, faz ameaça?”, diz ela.
Segundos depois, Cachoeira telefona para sua mulher e avisa: “Então tá bom. Já mandei trazer o dinheiro amanhã e você paga ela.”
Em outro diálogo, anterior, o casal conversa sobre o fato de uma empregada saber que moravam numa casa que pertencia ao governador Marconi Perillo (PSDB-GO). “Ela vai ficar sabendo que a casa é do Marconi ou já sabia?”, pergunta Cachoeira. “Ela já sabia porque a funcionária da frente comentou. Qual o problema?”, responde Andressa.
“Você falou que comprou a casa? Que Marconi vendeu direto e não passou por você e tal?”, diz Cachoeira. “Falei que era alugada.”
Cachoeira se mostra nervoso. “Fala para ela não falar seu nome para ninguém que ela tá trabalhando direto na casa do Marconi (..) Para que o professor Walter Paulo [tem que] saber que eu estava lá dentro daquela casa? E a menina [empregada] também?”, diz.
Cachoeira foi preso nesta casa, que se tornou um dos principais focos de investigação da CPI do Cachoeira, controlada pelo PT. O governador tucano nega que tenha vendido o imóvel para o empresário.
Na versão de Perillo, o negócio foi feito com o empresário goiano Walter Paulo Santiago. O diálogo reforça que Cachoeira não queria revelar o negócio.
A CPI já descobriu, entretanto, que o dinheiro usado para comprar a casa saiu de uma empresa fantasma controlada por Cachoeira e abastecida com dinheiro da empreiteira Delta –da qual o empresário era sócio oculto, segundo a PF.