Apesar da pressão e do tumulto provocado por servidores grevistas nesta semana em Brasília, o governo continua adiando uma proposta final sobre o reajuste para o funcionalismo público.
Ontem, o Planalto atuou em duas frentes para tentar diminuir a temperatura política e a tensão com as entidades sindicais. A presidente Dilma convocou a ministra Miriam Belchior (Planejamento), que concentra as negociações com as categorias, para discutir o cenário.
Responsável pela interlocução com os movimentos sociais, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) se encontrou com o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas.
Na conversa, Carvalho afirmou que a equipe econômica ainda tenta “equacionar as contas” para definir a política salarial dos servidores.
O discurso não convenceu os líderes das paralisações –que atingem dezenas de ministério e órgãos federais.
“O governo continua protelando, sem proposta, engessa a discussão e provoca um tensionamento”, disse o coordenador do setor público da CUT, Pedro Armengol.
A avaliação foi reforçada pelo dirigente da Condsef (Confederação dos trabalhadores no serviço público federal) Sérgio Ronaldo. “Estamos cansados de participar de reunião para ouvir a mesma coisa, sem proposta. Isso leva a um conflito.”
O governo diz que ainda há espaço para discussão, uma vez que a previsão de Orçamento de 2013 será enviada ao Congresso em agosto.
A orientação de Dilma ao Planejamento é que amplie o diálogo com as categorias de maior tamanho e capazes de fazer ações estratégicas com impacto na economia, como a da Eletrobras.
O Planalto espera que a determinação de corte de ponto e a ameaça de ir à Justiça questionando a legalidade da greve tenham resultado.
Ontem, pelo segundo dia consecutivo, os grevistas foram para o Planejamento e bloquearam a entrada do ministério.