O apagão que atingiu a Região Nordeste na madrugada da última sexta-feira (04), deixou 47,7 milhões de pessoas sem luz. Oito Estados foram atingidos: Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Sergipe Piauí, Rio grande do Norte. Em seguida à suspensão da energia elétrica, veio a falta d”água, o caos no trânsito e no tráfego aéreo.
Hospitais, delegacias e presídios tiveram seus serviços afetados. No Recife, foram registrados arrastões, tumulto no sistema penitenciário, e o principal hospital ficou inoperante. Em Camaçari, na Bahia, onde está instalado o principal pólo petroquímico da América Latina, as indústrias ficaram paralisadas. Muitas delas só voltarão a operar daqui a cinco dias. Foi o maior apagão da história do Nordeste e o segundo no Brasil em menos de dois anos. Prejuízos imensos.
O pior é que, em meio a mais esse sobressalto provocado pela interrupção do fornecimento de energia elétrica, o Governo do PT, novamente, insiste em dizer que o País tem um dos mais modernos sistemas elétricos do Mundo. Nas palavras do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o sistema é robusto. Ele classificou o episódio como uma mera interrupção temporária de energia provocada por uma falha técnica, e não como um apagão. Foi um eufemismo.
Em 2009, no apagão que atingiu 18 Estados, no qual 88 milhões de habitantes foram prejudicados, sobretudo no Sudeste, o mesmo ministro culpou um raio!
Para especialistas no setor, no entanto, foi diferente. Eles apontam os mesmos problemas de dois anos atrás. Para Luiz Pinguelli Rosa, autoridade no setor elétrico brasileiro, a falha de sexta-feira pode estar ligada à falta de investimentos. Não é difícil ver que os apagões do Sudeste e do Nordeste são uma prova de que o sistema elétrico nacional sofre de falta de investimentos em modernização e manutenção, notadamente na transmissão e na distribuição.
Na realidade, ao mesmo tempo em que brasileiros sofrem os sobressaltos de um novo grande blecaute, o Governo trata a questão com certo descaso, como se fosse mera banalidade.
Aliás, é emblemático que a incapacidade de gestão do atual Governo comece a aflorar justamente no setor elétrico, porque a presidente Dilma é oriunda da Secretaria de Energia do Rio Grande do Sul e do Ministério de Minas e Energia. Ela não cansava de alardear que apagões nunca mais. Esse virou um dos seus motes prediletos, tanto que, em outubro de 2009, numa entrevista à televisão, como Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma afirmava: “Temos uma certeza: não vai haver apagão porque nós voltamos a fazer planejamento”.
Menos de duas semanas depois, o País mergulhava na maior escuridão. Na última sexta-feira aconteceu tudo novo, desta vez, a vítima foi o Nordeste. Ao contrário do discurso da Presidente Dilma, a realidade é que o sistema elétrico nacional sofre de falta de planejamento, de falta de investimentos em modernização e manutenção, notadamente na transmissão e na distribuição. O apagão da semana passada não é um caso isolado. Todos nós nos recordamos das seguidas interrupções no Rio de Janeiro no ano passado e do martírio que pesa sobre as indústrias da Zona Franca de Manaus, à volta com apagões quase diários.
Os dados atestam a incapacidade de gestão do Governo Federal, incontestavelmente nesse setor. Entre 2008 e 2010, o número de apagões graves no País cresceu 90%, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico ” ONS.
Foram registrados, em 2010, 91 desligamentos superiores a 100 MW, o equivalente ao consumo médio de uma cidade com 400 mil habitantes. Em 2009, haviam sido 77 desligamentos e em 2008, 48, como revelou o jornal Folha de São Paulo.
O fato é que, para garantir custos mais baratos, as empresas de energia têm negligenciado os investimentos em manutenção. Gasta-se cada vez menos para garantir linhas de transmissão em bom estado, e, com isso, o sistema vai ficando cada vez mais vulnerável, como se observou na semana passada.
Por último, o Planalto disse que recomendou à ANEEL que reforçasse a fiscalização. No entanto, o Governo contingencia os recursos da ANEEL para a fiscalização.
O Planalto informa que a Presidente Dilma ordenou que o ministro Lobão cobrasse das empresas geradoras de energia o reforço na manutenção dos serviços e que a ANEEL reforçasse a fiscalização.
Parece coisa séria, mas não é, porque as atividades de fiscalização da ANEEL estão garroteadas pelo governo do PT, que contingencia a parte das tarifas, pagas por todos nós consumidores, nas contas de luz, para custear os trabalhos dos fiscais.
Deputado Antonio Carlos Mendes Thame
Presidente do PSDB de São Paulo
(Em discurso no plenário da Câmara / 07.02.11)