O embate entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski e a discussão sobre o desmembramento do processo do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal) adiou para esta sexta-feira (3) a fala do procurador-geral da República Roberto Gurgel durante o julgamento do caso.
O Ministério Público Federal é o responsável pela acusação de que políticos e partidos participaram de um esquema de compra de votos no Congresso em apoio ao governo do ex-presidente Lula (2003-2010). A previsão incial era de que Gurgel falasse hoje.
Após quase quatro horas de debate para rejeitar o pedido de desmembramento, os ministros do STF suspenderam a sessão para um intervalo de meia hora. No retorno, os ministros devem ter que deliberar sobre uma nova questão de ordem dos advogados dos réus que pedem para utilizar equipamentos eletrônicos para a defesa de seus clientes. Essa medida foi rejeitada ontem pelo plenário do Supremo.
Na sequência, o relator do caso, ministro Joaquim Barbosa, deve apresentar o resumo de seu parecer, que tem 122 páginas. O atraso na análise do mensalão favorece os réus que torcem para que não dê tempo para o ministro Cezar Peluso, que se aposenta em setembro ao completar 70 anos, apresente seu voto.
Sobre a fala de Gurgel, a expectativa é que ele centre esforços no chamado núcleo político da ação penal, que envolve o ex-ministro José Dirceu, chamado de chefe de quadrilha pelo Ministério Público Federal, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, o ex-presidente do PT, José Genoino, o publicitário Marcos Valério de Souza, operador do mensalão.
No sábado, a Folha mostrou que em um memorial entregue aos ministros do STF, o procurador-geral classificou o mensalão de “mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção e de desvio de dinheiro público flagrado no Brasil”.
Ele destacou ainda que o esquema foi “um sistema de enorme movimentação financeira à margem da legalidade, com o objetivo espúrio de comprar os votos de parlamentares tidos como especialmente relevantes pelos líderes criminosos.”
Os advogados de defesa rechaçam a ideia de compra de votos e sustentam a tese de que houve caixa dois na campanha eleitoral.