Mais de 16 milhões de lares não têm, simultaneamente, coleta de esgoto por rede ou fossa séptica, água tratada, recolhimento de lixo e eletricidade. A notícia, triste, foi veiculada no último dia 29 de novembro, pelo jornal O Estado de S. Paulo, fazendo referência à Síntese dos Indicadores Sociais (SIS), divulgada pelo IBGE.
Só para se ter ideia da grandeza dos números, 16 milhões de lares equivalem a 64 milhões de brasileiros.
O Brasil é um país rico habitado por um povo pobre. As elites sempre dominaram o cenário político, impondo – e aumentando – abismos entre as classes sociais.
Dos mais de 500 deputados que compõem a Câmara Federal, nem 10% são representativos da classe trabalhadora. Todos foram postos lá por lobbies diversos, que visam lucros incessantes em detrimento da qualidade de vida da população.
A situação não admite demagogias. Não aceita programas mirabolantes, de objetivos claramente eleitorais, como bolsa família, bolsa empresário, bolsa sindicato, etc.
Essas esmolas afastaram a sociedade do debate. No Brasil de hoje, ninguém protesta, ninguém opina É só amém.
O governo Lula encheu a barriga do pobre e o bolso do rico. Calou o sindicalismo com protecionismo. Pensou apenas na manutenção do poder, jamais no futuro de um povo constituído por dezenas de milhões vivendo abaixo da linha da miséria.
Investir na infraestrutura, com isonomia de direitos, é o caminho a seguir. Mas continua valendo a máxima: “Esgoto é obra enterrada. E obra que não aparece aos olhos não dá voto”.
Antigos militantes de esquerda, cuja vontade era a de dotar o País de justiça social, se deixaram levar pela gula de um sistema viciado e nocivo aos interesses do povo.
Lamentável. Não foi para colhermos esses dados que saímos às ruas para derrubar o regime militar e estabelecer um sólido regime democrático.
Sem água, esgoto, coleta de lixo e moradia digna, padecem a saúde, a educação e, principalmente, as condições de cidadania.
Há quem diga que o ruim está “menos pior”. Não. Não dá para aceitar o conformismo de gente acomodada na vida, se alimentando, que está, das benesses do governo.
E o Minha Casa, Minha Vida? E o Plano de Aceleração da Economia? Onde estão os resultados? São perguntas que não querem calar…
Antonio de Sousa Ramalho é deputado estadual e presidente nacional do Núcleo Sindical do PSDB, além de presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo