Início Bancada Tucanos reprovam tentativa do ministro da Justiça de negar esquema na Presidência

Tucanos reprovam tentativa do ministro da Justiça de negar esquema na Presidência

Tucanos criticam postura de Cardozo em relação ao escândalo Rosemary

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, até tentou, mas não conseguiu convencer os deputados sobre os motivos pelos quais Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, não foi investigada pela operação Porto Seguro, que prendeu seis pessoas em novembro. Cardozo participou de audiência pública promovida pelas comissões de Segurança Pública e de Fiscalização Financeira da Câmara nesta terça-feira (4).

O ministro afirmou que, apesar de ter sido indiciada pelos crimes de falsidade ideológica, tráfico de influência e corrupção ativa, Rosemary não era alvo da investigação nem teve as ligações interceptadas, por isso as supostas gravações entre ela e o ex-presidente Lula não existem. De acordo com Cardozo, “não há uma quadrilha no seio da Presidência da República” porque as pessoas investigadas são funcionários secundários.

Para o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), Rosemary pode ter recebido tratamento diferenciado e por essa razão não teve seus sigilos quebrados nem foi detida com os demais membros do grupo. Na avaliação do tucano, o escândalo é mais um dos que se desenrolam perto da Presidência, mas que o governo insiste em negar.

“Não está claro até que ponto pode ter havido essa proteção, mas é possível que tenha existido pelo fato de não haver o enquadramento dela por formação de quadrilha. Causa estranheza a garantia diferenciada dada a ela no momento em que suas interceptações telefônicas não foram monitoradas, sendo que inúmeros brasileiros têm seus sigilos devassados com facilidade”, alertou. O parlamentar destacou que resta esclarecer se a investigação ocorreu com a profundeza que deveria. O deputado disse ainda que não descarta apoiar a “CPI da Rosemary”.

O líder em exercício da Minoria, deputadoNilson Leitão (MT), também destacou a grandeza do esquema negado pelo ministro e afirmou ser cada vez mais evidente a existência de uma proteção em relação à Rosemary. “É óbvio que ela está sendo protegida. Qualquer criança ou qualquer um que assistir TV e acompanhar as notícias pode perceber que há uma proteção a ela devido a sua proximidade com Lula”, disse. “O ex-presidente errou muito e precisa assumir isso”, completou, ao defender a convocação de Rosemary para prestar esclarecimentos no Congresso.

De acordo com o tucano, o caso é tão grave quanto o mensalão. Ele avalia que só o fato de nomeações importantes, como as de diretores de agências reguladoras, serem feitas pela ex-chefe de gabinete já demonstram seu grau de influência dentro do governo e a existência de práticas ilegais. “As nomeações falam por si próprias. Já nomeiam com a intenção de cometer ilícitos e direcionar facilidades do governo para algum setor privado, o que se traduz em corrupção.”

Já o deputado Carlos Sampaio (SP) afirmou que havia uma participação efetiva e de ordem política de Rosemary no grupo desvendado. Em sua avaliação, ela tinha posição superior dentro esquema. “Ela teve liberdade política para indicar os braços operacionais da quadrilha a cargos no governo e recebia valores mensais desses. Ainda assim ela não faz parte do bando e não teve como enquadrá-la?”, questionou o tucano diante das afirmações do ministro. “Uma análise lógica dos fatos não nos permite dizer que ela não fazia parte do grupo, muito pelo contrario”, disse.

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