A conquista de espaços na sociedade brasileira nada mais é que o resultado da longa luta de resistência democrática que culminou com o fim do regime militar e dos anos de terror vividos durante a ditadura militar.
Os avanços sociais obtidos até então o foram por conta da capacidade dos diversos setores da sociedade se organizar e, travando uma intensa luta política, conquistarem os seus devidos espaços.
A partir de 1984 um novo Brasil começa a ser construído, e os movimentos sociais tiveram um papel preponderante. É neste contexto que se coloca o Movimento Negro, que ao longo de décadas vinha se organizando, numa dura tarefa de expor as mazelas da discriminação racial no Brasil ao passo que a cada esquina precisava se revigorar diante da resistência de muitos que insistiam em pregar a falaciosa Democracia Racial.
Em 1995, durante o mandato do tucano Fernando Henrique Cardoso, houve a primeira iniciativa de implementação de políticas de ações afirmativas para a população negra no país. Foi o saldo da 1ª Marcha Zumbi dos Palmares Contra o Racismo, pela Cidadania e pela Vida, que ocorreu na capital federal em 20 de novembro de 1995. Daí em diante, diversas políticas públicas começaram a ser aplicadas com o objetivo de inclusão da população negra nos espaços e mecanismos de participação democrática.
Aquele momento teve um sabor especial por conta da mudança de paradigma, passando o movimento negro a disseminar país afora o nome de Zumbi enquanto líder maior do movimento de resistência dos negros no Brasil e, mais que isso, uma referência do longo caminho que ainda teríamos a percorrer. Nasce o Dia Nacional da Consciência Negra – 20 de Novembro.
Outro saldo significativo da primeira marcha foi o acatamento pelo então presidente Fernando Henrique da reivindicação de criação de um Grupo de Trabalho Interministerial para a Promoção da Igualdade Racial o que dentre outros resultados, contribuiu para a criação, já no governo Lula, da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR, com status de Ministério.
No momento em que o poder central reconhece a necessidade de criação de uma estrutura específica para o trato das questões de interesse dos afro-descendentes brasileiros, isto gerou o precedente tão buscado pelo Movimento Negro, que permitiu a queda da última barreira que se colocava à criação de estrutura semelhante nos partidos políticos e na estrutura dos poderes executivos estaduais e municipais passo imprescindível para que políticas públicas viessem garantir a conquista de cidadania plena aos afro-descendentes brasileiros.
Na esteira das mudanças ocorridas na sociedade, o tema racial passou a ser debatido sem a imensa carga de hipocrisia que sempre norteou os atores políticos brasileiros. Sem ficar indiferente a este novo momento, o PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira – passou a apoiar suas lideranças nos Estados na perspectiva de criação dos Secretariados de Negros e Negras denominados como TUCANAFRO.
Isso foi fundamental como primeiro passo para tirar o PSDB da posição cômoda e inconsistente de mero espectador de um debate em torno de uma bandeira que até então era tida como propriedade do PT.
Mas a reflexão dos tucanos que militam no Movimento Negro nos diversos estados da Federação é unânime em afirmar que alguns passos consistentes precisam ser dados na direção de uma nova postura pública do partido em relação ao tema.
O debate começou a fluir no âmbito do Partido, estimulado pelas lideranças com atuação no Movimento Negro, com a ideia clara de planejar a criação do Secretariado de Negros e Negras – TUCANAFRO nas direções do partido em seus diversos níveis e em particular no âmbito da CEN – Comissão Executiva Nacional, conforme previsto nos Estatutos do PSDB.
A receptividade por parte da Executiva Nacional, particularmente dos senhores presidente e secretário geral, respectivamente deputados Sérgio Guerra (PE) e Rodrigo de Castro (MG), foi das melhores, o que vem permitindo as condições necessárias para a mobilidade de Coordenação Nacional criada pelas lideranças e que tem agenda construída de visita aos estados nos meses de janeiro e fevereiro/2013 e com os olhos voltados para nosso Congresso Nacional que tem previsão para ocorrer em Maio daquele ano.
Num momento em que o PSDB parte para se inserir nos mais diversos setores dos movimentos sociais organizados, onde acertadamente reforça o trabalho com as Mulheres, os Jovens e o Movimento Sindical, nada mais natural que garantir neste âmbito o debate e a estruturação do Movimento Negro Tucano.
Hoje nós conclamamos o Partido para abraçar esta bandeira rumo a criação e estruturação dessa nova frente de atuação partidária que culminará em maio de 2013 com a criação da Secretaria Nacional de Negros e Negras do PSDB – TUCANAFRO.
