Brasília – Meses após o término do julgamento do mensalão do PT no Supremo Tribunal Federal (STF) conhecido como o maior escândalo de corrupção da história do país e que resultou na condenação de 25 dos 38 réus, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Rio de Janeiro está organizando um ato para pedir a anulação do julgamento. Inicialmente previsto para 30 de janeiro, o evento deve contar com a presença do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, braço direito de Lula, condenado como chefe do esquema. Entre os condenados também estão ex-dirigentes da CUT, como o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Para o presidente do Núcleo Sindical do PSDB e deputado estadual Antonio Ramalho (PSDB-SP), a ação se trata de um ato isolado. “Depois de vários meses de julgamento e análise, o Supremo condena e alguns grupinhos promovidos por pessoas com altos cargos no governo federal querem exigir a anulação de um julgamento sério. Tenho certeza de que nem todos os sindicalistas devem pensar assim. Pela primeira vez na história, o nosso tribunal, na figura de Joaquim Barbosa, um filho de pedreiro, de família pobre, que teve oportunidade de estudar e crescer na vida, deu o exemplo de que se pode aplicar a justiça no Brasil”, avalia.
O tucano vê a iniciativa com ironia, lembrando o fiasco do jantar promovido pela Juventude do Partido dos Trabalhadores. “O PT dá um tiro no próprio pé com esse tipo de atividade, realizando jantares de arrecadação para pagar multas. Deveriam se oferecer também para dividir o tempo de prisão dos condenados, cumprindo pena no lugar deles”, considera. “A verdade é que estão procurando fatos para desviar a atenção da imprensa, para não investigarem denúncias e o envolvimento de outros personagens de alto escalão, como o presidente Lula”, completa.
A intenção, segundo o jornal Folha de São Paulo, é promover um debate sobre “os graves erros do STF” na Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Ao jornal, o dirigente da CUT-RJ e organizador, José Garcia Lima, afirmou que o órgão fez um “julgamento político”, e que os envolvidos no processo foram vítimas de um “tribunal de exceção”. Classificou ainda a ação como uma injustiça, defendendo a tese de que o caso foi apenas caixa dois de campanha.