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A Petrobras aderna, análise do ITV

São horrorosos os resultados divulgados ontem pela Petrobras. Há muito tempo não se via tantos recordes negativos enfileirados como no balanço da companhia referente a 2012. Sob o peso da má gestão petista, a maior estatal brasileira continua adernando e só não naufragou de vez em razão da musculatura que conseguiu acumular depois da abertura do mercado nacional à concorrência privada, na década de 1990.

Onde quer que se analise o balanço da companhia, os resultados são ruins. O lucro caiu 36% em relação a 2012, na maior queda anual em quase seis décadas de história da empresa, segundo a Folha de S.Paulo: o valor apurado, de R$ 21,2 bilhões, é o menor desde 2004. Mesmo o lucro alcançado no quarto trimestre – que foi até comemorado pelos analistas – é o pior desde 1999 para meses de outubro a dezembro, quando corrigido pela inflação

A produção de petróleo da Petrobras caiu 2% no ano passado. É apenas a terceira vez que isso ocorre nos 59 anos de história da companhia. Assim, Dilma Rousseff agora faz parte do panteão onde estão Fernando Collor, que levou a empresa a uma queda em 1990, e Luiz Inácio Lula da Silva, que conseguiu a proeza em 2004. Eles se merecem.

Desde que o PT chegou ao poder, há dez anos, a Petrobras nunca cumpriu as metas de produção a que se propôs. Em 2012, mesmo com a revisão, para baixo, dos objetivos determinada em junho pela nova presidente da companhia, Graça Foster, o resultado não foi alcançado. Neste ano, a produção da empresa deve manter-se estagnada.

Em decorrência, a despeito das gigantescas reservas do pré-sal – ou até pelas estapafúrdias regras que o governo do PT determinou para sua exploração –, a produção de petróleo no Brasil é cadente: foram 14 milhões de barris a menos no ano passado, com queda de 2,07% em comparação com 2011, segundo divulgou ontem a Agência Nacional do Petróleo.

Com participação compulsória na operação do pré-sal, a Petrobras paga o pato. Seu nível de endividamento aproxima-se do limite estipulado pelas agências de avaliação de risco para concessão de grau de investimento. A relação entre dívida líquida e geração de caixa da companhia já estourou a barreira de 2,5 observada pelos investidores.

Como consequência, a Petrobras deverá ter crescentes dificuldades para capitar dinheiro para fazer frente a seu bilionário plano de investimentos – são US$ 236,5 bilhões para o período 2012-2016. Só em 2012, a dívida líquida cresceu 43%, para R$ 147,8 bilhões. A tendência é os empréstimos à companhia ficarem cada vez mais caros e os projetos serem abandonados, como os das refinarias Premium do Maranhão e do Ceará, ou postergados, como o do Comperj, no Rio.

Uma das razões mais evidentes para o mau desempenho da Petrobras é o uso que o governo petista faz da empresa como âncora da inflação. Os combustíveis passaram anos sem sofrer reajuste na bomba, à custa de prejuízos da Petrobras – que paga por eles no exterior mais do que cobra no mercado interno. Em 2012, o rombo foi de R$ 22,9 bilhões, ou mais de duas vezes os R$ 9,9 bilhões registrados no ano anterior.
No ano passado, a empresa que por décadas foi a maior do Brasil passou a valer menos que a Ambev. É incrível, mas, no país do pré-sal, fabricar cerveja dá mais dinheiro do que produzir petróleo. Recorde-se que, no segundo trimestre, a Petrobras já alcançara a proeza de registrar prejuízo de R$ 1,34 bilhão, o primeiro em 13 anos.

No ranking mundial, a Petrobras também segue mar abaixo. Dois anos atrás, a estatal brasileira chegou a ser a terceira maior petroleira do planeta em valor de mercado; hoje é apenas a oitava, de acordo com O Globo. Desde outubro de 2010, a empresa perdeu US$ 106,7 bilhões, a maior queda entre as empresas mundiais do setor. A queda das ações alcança 36% desde então. Significa dizer que praticamente todo o valor aportado na maior capitalização da história (US$ 120 bilhões) simplesmente evaporou.

A Petrobras vai mal num segmento da economia em que suas concorrentes vão muito bem. No ano passado, o barril de petróleo cotado a mais de US$ 100 permitiu a companhias como Exxon Mobil, Royal Dutch Shell e Chevron apresentarem aumento de lucro de 6%, 3% e 41%, respectivamente.

As perspectivas da estatal brasileira não são boas, penalizando também os pouco mais de 32 mil trabalhadores que ainda mantêm parte do seu FGTS aplicado em ações da Petrobras – em 2000, quando a operação foi realizada, eram 310 mil. O valor aplicado caiu 70% em cinco anos, registra o Correio Braziliense.

A própria empresa admite que a recuperação não virá em 2013. A Petrobras continuará sujeita aos mesmos percalços que lhe garroteiam o desempenho: a demanda de combustíveis continuará subindo, forçando mais importações (a alta em 2012 foi de 12%), com preços no varejo defasados em relação ao exterior para que o governo Dilma segure a inflação.

A Petrobras está adernando porque as políticas adotadas pelas gestões petistas para o setor de petróleo são equivocadas. As regras estatizantes do pré-sal e a exigência de conteúdo nacional impuseram custos adicionais à operação da empresa, além de terem levado a adiamentos de projetos. A ingerência política atingiu níveis nunca antes vistos, conforme denunciou recentemente o representante dos trabalhadores no conselho de administração da companhia. Parafraseando o que disse Graça Foster logo depois de ter assumido a estatal há exato um ano, a história recente da Petrobras é algo para ser aprendido e nunca repetido.

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