Se o governo federal fosse hoje comandado pelo PSDB, o PT já estaria gritando: “estão destruindo a Petrobrás para privatizá-la”. Pois se não é verdade que estão querendo privatizá-la, é verdade que estão fazendo tudo para destruí-la, certamente por pura incompetência. Seu valor na Bolsa é hoje menor que o de 2010 antes da megacapitalização que sofreu e é 38% inferior ao seu valor após essa capitalização. A empresa perdeu a bagatela de R$ 138 bilhões em seu valor de mercado.
O mau resultado no balanço da Petrobras é produto da ação politica de um governo que precisa ser responsabilizado pelos desastres que está impondo ao país. Inépcia, politização, demagogia, dão nisso.
O lucro líquido da empresa, em 2012, caiu para R$ 21,2 bilhões, valor 36% menor que o de 2011 ( um terço do lucro foi providenciado com operações extraordinárias que não se repetirão, caso da liquidação de estoques de uma refinaria nos Estados Unidos ). A produção de petróleo e derivados decepcionou, com média de 1,974 milhão de barris por dia em 2012 –uma queda de 2,35% em relação ao ano anterior em virtude, em parte, de perda de eficiência operacional. Neste ano de 2013 estão programadas várias paralisações de plataformas para manutenção, o que reduzirá produção e receitas. A previsão é de nova queda de 2%.
A despeito do lucro contabilizado, o fluxo de caixa –uma vez deduzidos os investimentos– tem sido negativo. Apenas no último trimestre de 2012 o movimento da empresa consumiu R$ 11,7 bilhões. Não há dinheiro suficiente para que a empresa cumpra seus compromissos de custeio e investimentos.
É verdade que a sequência negativa de resultados vem do governo Lula, sob o comando do Sergio Gabrielli, uma gestão ineficiente e politizada. Era só gogó, festa e distribuição de dinheiro para os prefeitos do seu partido. Isso não perdoa a Dilma, ela é sub produto dessa avacalhação que se tornou a gestão da empresa. Faz parte dessa turma irresponsável e incompetente.
A causa principal da lucratividade menor foi, paradoxalmente, o aumento da demanda por combustíveis. Vendas internas de gasolina e diesel cresceram 17% e 6%, respectivamente, no ano. Como a produção caiu, a Petrobras foi obrigada a importar ambos a preços maiores que os praticados no país. Imaginem então se a economia estivesse em ascensão.
O governo não autoriza reajuste completo dos preços, como forma de contrabalançar outras pressões inflacionárias. Esse é o “método petista de combater a inflação”: segura o preço dos combustíveis jogando a Petrobrás na lona, promove uma baixa de tarifas de energia elétrica que compromete os investimentos necessários para atender as demandas futuras, “pede” a prefeitos e governadores que não reajustem as tarifas do transporte coletivo, obrigando-os a subsidiar as empresas concessionárias, além de outras “mágicas”.
Com isso, dificulta à Petrobras cumprir seu ambicioso programa de investimentos –só neste ano estavam planejados desembolsos de R$ 97,7 bilhões. Para manter o programa, a empresa se endivida. A deterioração de suas finanças é evidente. A dívida líquida (já excluídos os valores em caixa) chegou ao fim de 2012 em R$ 147,8 bilhões, perante R$ 103 bilhões no ano anterior. A fim de conter a sangria de recursos, a Petrobras decidiu cortar pela metade os dividendos distribuídos aos detentores de ações ordinárias. Elas caíram mais de 8%, ontem, no pregão da Bolsa.
Nesse quadro a hipótese da empresa captar recursos para aumento de capital fica cada vez mais remota. E a deterioração da sua capacidade de pagamento não lhe permite ser otimista em relação à obtenção de financiamentos para seus investimentos. Ela já não é mais vista como uma empresa com baixos riscos para as agências de financiamento. Seu endividamento pode levar as agências de risco a rebaixar a sua nota.
O governo também errou ao definir um novo modelo de exploração do pré-sal, pois ele a obriga a participar de todos os campos. Já não dá conta do que tem e só mesmo o nacional – estatismo “burro” pode querer que ela dê, sozinha, um salto na produção para vir a ser um dos grandes exportadores de petróleo do mundo.
Em resumo, o quadro é muito preocupante. Depois da confusão armada no setor de energia elétrica, da incapacidade de realizar as licitações para a recuperação da malha rodoviária ( acaba de ser adiada a licitação da primeira leva de rodovias ), da inercia no setor ferroviário, da vacilação no setor de aeroportos e de não conseguir evoluir na renovação do modelo portuário, vem essa bomba no setor petrolífero. Será que sobra algo nesse governo que possamos admirar?