O ex primeiro ministro britânico, Winston Churchill, que comandou a Inglaterra durante a segunda guerra mundial, nas suas “Memórias da Segunda Guerra Mundial”, escreve que, ao discutir as responsabilidades dos governos e partidos de seu país pela insuficiente preparação para enfrentar os exércitos alemães que, então, estavam avançando por toda a Europa, declarara: “se o presente tentar julgar o passado, perderá o futuro”. Ainda que eu considere que o período FHC apresenta um balanço positivo e que o período Lula nem tanto, o fato é que o passado passou, e que FHC e Lula serão objeto da nossa história, mas o que está em jogo agora é avaliar o presente para ter condições de enfrentar o futuro.
A estratégia eleitoral do PSDB para 2014 não é, nem poderia ser, a polarização entre Fernando Henrique Cardoso e Lula em torno das suas realizações quando no governo de República, conforme alguns órgãos da imprensa propagam.
Não faz sentido essa comparação. São dois períodos diferentes, um de FHC, onde a questão principal era a consolidação da estabilidade da moeda, impedir a volta da inflação, definir os limites da responsabilidade fiscal dos Estados e Municípios e iniciar as reformas estruturais necessárias para retomar o crescimento econômico. E, como consequência, garantir aos próximos governos uma base para o desenvolvimento sustentado. Tudo isso foi realizado, no mesmo período em que se vivia um cenário internacional extremamente conturbado. Outro foi o período Lula, que se beneficiou exatamente de um cenário internacional muito favorável e das medidas tomadas pelo governo anterior, com a inflação domada, os Estados e Municípios cumprindo as determinações da Lei de Responsabilidade Fiscal, muitas reformas executadas ou em processo de execução, como a reforma da Previdência, as mudanças na Administração Pública, a nova legislação de exploração do setor petrolífero, a nova lei geral de telecomunicações, a lei de concessões, o novo modelo do setor elétrico, além de reformas em várias áreas de responsabilidade do Estado.
O governo Lula se beneficiou das ações positivas do período FHC e, visto apenas em números, só poderia apresentar resultados melhores. Não fosse assim, teria sido um desastre, um retrocesso pela destruição de tudo que fora feito anteriormente. Poderia ter sido melhor, se tivesse dado continuidade ao processo de reformas estruturais.
Essa comparação, indevida como estou mostrando, só interessa ao petismo. Através dessa estratégia ele pretende blindar a presidente e restringir o debate ao confronto entre FHC e Lula, escamoteando o que é essencial discutir: o governo Dilma Roussef. Pois é esse governo que deve ser avaliado e, a nosso ver, superado, por um projeto de governo construido pela oposição que possa dar esperanças de importantes avanços nos campos político, econômico e social.
Vale dizer, temos de falar do governo petista de Dilma Roussef, das suas mazelas e incompetências, e o que fazer para um novo período de governo de melhores expectativas para o nosso povo. Não queremos perder o futuro.