A tentativa do governo do PT de esconder o arquivamento do pedido de abertura de processo administrativo disciplinar contra o ministro da Advocacia Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, deu errado. O corregedor-geral do órgão, Ademar Passos Veiga, indicado pelo próprio ministro, ordenou o encerramento do processo iniciado após a Operação Porto Seguro, mas a ação foi descoberta e divulgada pela imprensa. Agora, a Comissão de Ética da Presidência da República cobra explicações.
O deputado federal Paulo Abi Ackel (PSDB-MG) informa que a bancada tucana no Congresso deve apresentar, em breve, requerimento para que os envolvidos se expliquem também na Casa. “O governo Dilma joga para a mídia fazendo exatamente o inverso de suas práticas internas: tenta demonstrar que é muito preocupada com a transparência, mas a verdade é que esconde os atos suspeitos, principalmente, quando há envolvimento alto escalão”, destaca. “Vamos aguardar que essas explicações sobre o ministro Adams sejam dadas ainda na Comissão. Porque a ética do PT é subjetiva e não vale para a companheirada. Funciona de acordo com o gosto da presidente Dilma”, completa o tucano.
A Comissão de Ética da Presidência e a presidente têm uma relação conturbada. O ex-ministro do STF e então titular da comissão, Sepúlveda Pertence, renunciou ao cargo após perceber a contrariedade da chefe do executivo diante do pedido de investigação do amigo da petista Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento Econômico, por conta de consultorias prestadas entre o período em que deixou a prefeitura de Belo Horizonte e sua nomeação como titular da pasta.
Operação Porto Seguro
Em novembro do ano passado, a Polícia Federal deflagrou a operação Porto Seguro, com o objetivo de acabar com um esquema de emissão de pareceres e laudos técnicos em favor de empresas com interesse em processos com a União. A ação da PF levou à prisão diretores de agências reguladoras e ao indiciamento de 18 pessoas. A ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo Rosemary Noronha e ex-advogado-geral-adjunto da União, José Weber Holanda deixaram os cargos após as denúncias. Segundo as informações à época, ambos estavam ligados à prática de tráfico de influência.