Na filosofia, na ciência política ou na gramática, partido político e governo são entidades distintas. Partidos são agremiações com participação voluntária de pessoas em torno de uma ideologia e cujo objetivo é a disputa do poder. Já no Governo, a função é administrar em prol do bem comum. Para o PT, no entanto, partido e governo se fundem em uma organização só (por vezes até criminosa) e cujo objetivo nem sempre é levar benefício àqueles que deles precisam.
É o caso do veto pela presidente Dilma Rousseff ao projeto do deputado federal Bruno Araújo (PSDB-PE), que desonera de impostos os produtos da cesta básica. Aprovado por unanimidade no Congresso Nacional, o projeto foi barrado por Dilma, que agora, de forma oportunista e eleitoreira, pretende tomar para si os louros da medida, como, aliás, o PT faz há 10 anos com os projetos do PSDB.
O fato é que a demora de Dilma de reconhecer os méritos da desoneração dos produtos da cesta básica impediu que milhões de brasileiros fossem menos impactados pela alta da inflação. O IPCA dos últimos 12 meses fechou janeiro de 2013 em 6,15%, quase dois pontos percentuais acima do centro da meta de inflação, fixado em 4,5%. O mais grave, no entanto, é que a inflação dos alimentos no mesmo período subiu 11% e aquele entre as famílias mais pobres, 6,6%, acima, portanto, da inflação oficial.
Se tivesse atuado como presidente e não como líder partidária, Dilma teria evitado, até agora, que os brasileiros gastassem R$ 200 a mais na compra dos produtos da cesta básica. Para quem vive das mordomias do Palácio do Planalto, esse dinheiro talvez não represente muito, mas para quem vive com minguados R$ 678 ou com o tão aclamado repasse do Bolsa Família (a fortuna de R$ 70 por pessoa), representa uma economia considerável.
Segundo pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a economia gerada no bolso do trabalhador desde setembro de 2012, quando o projeto foi vetado pelo governo petista, seria de 20% sobre o valor gasto pelos brasileiros com a alimentação básica. A história nos mostra que misturar governo e partido não dá certo, vide a lambança feita pelos líderes petista no caso do mensalão. Dilma e seus companheiros já deveriam ter aprendido.