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Subiu o índice de rejeição à candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, conforme pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta quinta-feira. O indicador foi para 35,4%, ante os 32,6% da pesquisa realizada de 26 a 28 de setembro. Em contrapartida, houve uma diminuição no índice de rejeição ao candidato do PSDB ao Planalto, José Serra – de 40,2% para 37,5%.
De acordo com o presidente da Confederação Nacional dos Transportes, Clésio Andrade, este resultado favorável ao candidato tucano se deu em razão de um processo de “difamação” da candidata oponente. Seguindo a mesma linha, o diretor do instituto Sensus, Ricardo Guedes, avalia que ocorreu nas últimas semanas um efeito sociológico chamado pelos marqueteiros de “desconstrução da imagem”.
O erro de previsão sobre os dados das eleições no primeiro turno, com base na vantagem de 6 pontos percentuais da candidata Dilma anunciada pelo instituto, levou os dirigentes da CNT a não fazer avaliações prévias. “Este processo (de desconstrução da imagem) está bastante intenso e, por isso, não vamos fazer prognóstico. Não dá para saber quem ganha”, disse Andrade, ao se referir à velocidade com que os eleitores estão mudando de voto em decorrência da forma como está configurada a disputa.
Um processo de desconstrução da imagem similar ao atual, disse Guedes, ocorreu antes de forma localizada, na disputa pela prefeitura de Belo Horizonte há dois anos, em que o candidato Márcio Lacerda (PSB) reverteu a situação contra o candidato Leonardo Quintão (PMDB). Segundo ele, isso não aconteceu sequer quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi questionado se acreditava ou não em Deus, durante um debate eleitoral para a prefeitura de São Paulo, em 1985, e perdeu a disputa. “Uma coisa é a discussão de um tema específico. Outra coisa, é um processo sistemático com base em fatos não comprovados”, afirmou o diretor do instituto.
Dilma apresentou queda das intenções de voto em todas as regiões do país. No Norte/Centro-Oeste, a candidata do governo recuou de 48,9% para 40,7%. Já seu adversário avançou de 38,2% para 45,7%. No Nordeste, ela Dilma passou de 66% para 60,7%, enquanto o tucano avançou de 24,5% para 31,1%. Na região Sudeste, Dilma partiu de 52,1% para 43,3% e Serra cresceu de 36% para 44,7%. Já na região Sul, Dilma recuou de 40,7% para 36,4% e o candidato do PSDB foi de 45,5% para 56%.
De acordo com Andrade, essa mudança no cenário nacional justifica também o empate técnico constatado na pesquisa. Ao considerar a margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, a candidata do PT, com 46,8% das intenções de voto, se mostra em situação equilibrada à de Serra, com 42,7%.
O único aspecto da pesquisa favorável a Dilma diz respeito à pergunta feita aos eleitores sobre quem eles acham que vai ganhar as eleições: 59,6% consideram que será a candidata petista e 29%, José Serra. “A expectativa de vitória sempre puxa voto na reta final”, afirmou o presidente da CNT.
(Rafael Bitencourt | Valor)