*Ricardo Buso
Nesta semana o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou informação que a revisão do PIB (soma de todas as riquezas produzidas pelo país) brasileiro do ano de 2009 trouxe a conclusão que o crescimento no ano em questão foi negativo em 0,6% (-0,6%) ao invés do número inicialmente divulgado de -0,2%, ou como diziam os defensores da política econômica, praticamente zero.
Inicialmente cabe um esclarecimento que, dada a complexidade do indicador, as revisões pós-divulgações são habituais.
Entretanto, por tratarmos de números decimais, o que poderia parecer insignificante, indica, na verdade, que nosso Produto Interno Bruto encolheu três vezes mais que o montante inicialmente classificado como marolinha.
Ao analisarmos o fato ocorrido em um governo de freqüentes demonstrações de flerte com a maquiagem contábil, a vinda à tona do número, justamente no período pós-eleitoral, não me anima a duvidar de certa jogada de marketing ao bradar o conceito da marolinha.
A despeito da idéia de notoriedade do espetáculo de crescimento no Brasil, mesmo levando-se em conta a ocorrência da maior crise financeira internacional dos últimos setenta anos, o fato é que esse é o pior crescimento do país desde o Governo Collor, nos anos 90.
Nos dias de hoje, considerando a conjuntura internacional favorável aos exportadores de commodities (matéria-prima, não industrializada, em geral), nosso crescimento médio do PIB, de aproximadamente 4,5%, nos coloca dentro da média do crescimento mundial, abaixo das expectativas para o conjunto de países da América Latina e abaixo das projeções de outros emergentes.
Devo ainda insistir, como venho alertando, que esse patamar de média limite de 4,5%, hoje tido como ponto de estrangulamento pela inflação, é fruto da oportunidade desperdiçada de investimentos em infraestrutura, infelizmente atropelada pela má aplicação em custeio.
É importante também analisar que o crescimento do PIB esperado para 2010, de 7,5%, que inicialmente poderia parecer fabuloso, parte de uma base (2009) considerada muito ruim, de retração de 0,6%, conforme acima exposto, o que rouba boa parte do brilho do número.
Enfim, aos poucos, poderemos observar que a marolinha esteve muito mais voltada às habituais metáforas presidenciais, de fato.