“A busca de alternativas para que meta de erradicar trabalho infantil seja alcançada deve ser também uma missão do Congresso”, disse o senador Alvaro Dias (PSDB/PR), na sessão plenária desta quinta-feira (06/06), ao elogiar o esforço do ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Lélio Bentes. O ministro, coordenador da Comissão para Erradicação do Trabalho Infantil da Justiça do Trabalho, trabalha com a meta de acabar com essa atividade ilegal no Brasil até 2015. Uma meta difícil de ser alcançada na opinião de especialistas da Justiça, do Ministério Público e de organizações não governamentais, além da própria Organização Internacional do Trabalho.
No discurso, Alvaro Dias taxou de “deplorável” a realidade constatada de que entre 1,56 e 1,97 milhão de crianças e adolescentes trabalham em atividades perigosas e insalubres no Brasil, em serviços como produção de fumo, algodão, sisal, cana-de-açúcar, carvoarias, lixões, sem falar nas que são aliciadas pelo tráfico de drogas ou exploradas sexualmente. “O ministro Lélio Bentes afirma serem necessárias novas estratégias para combater a chaga do trabalho infantil, e que o programa Bolsa Família tem sido um instrumento eficaz, mas que, sozinho, não está dando conta de erradicar o problema. Esse assunto é muito sério, diz respeito à vida de milhares de crianças neste País. Nós estamos tratando de uma infância desperdiçada”, disse.
Brasil reprovado
No discurso, o senador Alvaro Dias também destacou estudo realizado pela consultoria americana Boston Consulting Group que reprovou o Brasil em 41 dos 57 itens avaliados em sete pilares econômicos. Um resultado que, na opinião do senador, expõe ainda mais a incapacidade do governo brasileiro de atrair empresas internacionais e estabelecer o País como um importante fluxo de investimentos estrangeiros. A consultoria apontou problemas na infraestrutura, nas telecomunicações, no excesso de burocracia e na falta de mão de obra qualificada como fatores para a diminuição do status brasileiro no cenário internacional. Alvaro Dias citou artigo do colunista Celso Ming, publicado no jornal Estado de S.Paulo, no qual é analisada a questão do isolamento do Brasil e a inércia do governo para reverter o atual cenário de paralisia nas nossas negociações comerciais. Para Ming, o isolamento pode levar à asfixia e ao deslocamento dos mercados e de novas parcerias. “Para Celso Ming, no mundo inteiro os acordos vão se multiplicando, os concorrentes do Brasil não param de acertar preferências comerciais e, assim, estão cada vez mais dentro do jogo. Enquanto isso, o Brasil vai ficando de fora, cada vez mais isolado. O governo brasileiro precisa urgentemente acordar para a atual realidade internacional, pois do contrário irá comprometer o desenvolvimento do País”, observou o senador.
