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A Copa do Mundo e as mentiras de uma presidente

Diante de todas as manifestações realizadas Brasil afora, que ressaltam a insatisfação generalizada da população com os rumos da política e da economia, alguns aspectos importantes precisam ser levados em consideração. Além da volta da inflação e diante de uma verdadeira epidemia de corrupção nos altos escalões do governo, percebe-se um grande levante popular contra os excessivos gastos de dinheiro público para a realização da Copa do Mundo de 2014.

Bem diferente do que afirmou a presidente Dilma Rousseff (PT), em seu pronunciamento à nação, o governo brasileiro está sim colocando dinheiro público na construção de estádios, vários deles particulares, como em São Paulo, por exemplo. Apesar do dinheiro não sair dos cofres do Tesouro diretamente, como ela frisa, sai do bolso do povo para as grandes empreiteiras, clubes e governos estaduais na forma de empréstimos subsidiados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Para quem não sabe, o BNDES é um banco de fomento para alavancar investimentos nas mais diferentes áreas, sobretudo voltadas à produção e geração de empregos. O dinheiro do BNDES, que empresta a juros bem abaixo do mercado, vem do Tesouro e do próprio bolso do trabalhador, como do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Porém, em vez de canalizar esses recursos para os setores produtivos, o governo incentiva o BNDES a financiar os estádios.

Esses valores que, segundo os últimos levantamentos, chegam a mais de R$ 4 bilhões aplicados nas arenas por todo o Brasil vão diretamente para as grandes empreiteiras, muitas vezes com o aval de bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal ou Banco do Brasil. Ou seja, se os clubes ou governos estaduais, responsáveis pelas obras, derem o calote no BNDES, quem pagará a conta será o próprio governo, por meio de seus bancos. Resumindo: a Copa do Mundo para gringo ver – como salientou a presidente em seu pronunciamento – é bancada pelo trabalhador brasileiro que, no máximo, assistirá os jogos pela televisão.

Pior que tudo isso é constatar que, a um ano do evento, as grandes obras de infraestrutura que poderiam beneficiar a população mesmo depois da Copa do Mundo, como ampliação dos sistemas viários, aeroportos, entre outros, estão atrasadas e consumindo muito mais dinheiro do que o estimado. Assim, fica evidente que Dilma Rousseff segue mentindo para o povo, mesmo diante de toda a comoção que toma o país, numa evidente demonstração que seus discursos não passam de manobras para tentar – mais uma vez – servir de cortina de fumaça para enganar os brasileiros.

*Carlos Roberto é deputado federal pelo PSDB-SP, presidente da subcomissão de monitoramento dos mecanismos de financiamento dos bancos públicos de fomento, com destaque ao BNDES, e industrial. 

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