A oferta da rede assistencial do SUS é de internação, atendimento ambulatorial, consultas, exames, cirurgias e medicamentos. Serviços que se complementam para a cura ou controle de doenças. Na saúde mental não é diferente.
O governo do Estado de São Paulo está promovendo uma revolução na assistência aos dependentes de crack, com ampliação dos leitos para internação e a articulação com outros serviços de saúde e assistência social de perfis complementares, como os Caps Ad (Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas), comunidades terapêuticas e moradias assistidas.
Insere-se nesse sentido o Plantão Judiciário e a Unidade Social implantados Centro de Referência em Álcool Tabaco e outras Drogas para dar celeridade a processos de encaminhamento dos dependentes tanto para assistência ambulatorial quanto, nos casos mais graves, para internação.
O Cartão Recomeço, iniciativa fundamental da gestão, soma esforços na luta contra as consequências que o crack traz para a saúde e para a vida, social e profissional desses pacientes. O governo iniciou o cadastramento de clínicas que receberão R$ 1.350 mensais para tratar casos de dependência química, em especial aqueles em que o doente se isolou do convívio familiar e social, perdendo a noção de sua rotina e dos compromissos.
Após tratar o quadro agudo na internação, conhecida por desintoxicação, o paciente precisa ser acompanhado, o que pode ser feito via Caps, com seguimento ambulatorial. Outros, porém, necessitam de um período para reaprender como é o mundo sem a droga, além de trocar experiências com outros dependentes. É etapa importante do tratamento e que não deve ser negligenciada.
São Paulo está no caminho certo em adotar políticas consistentes e efetivas de enfrentamento do crack. Nesse contexto, o Cartão Recomeço é sinônimo de esperança para muitos dependentes e suas famílias.
Ronaldo Laranjeira – Psiquiatra, professor titular de psiquiatria da Unifesp e coordenador do Programa Recomeço