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Dilma tenta enrolar os investidores estrangeiros

Dilma Rousseff, em NY, falou a investidores no seminário The Brazil Infrastructure Opportunity. Segundo a presidente, o plano brasileiro de infraestrutura – que visa buscar investimentos estrangeiros para o país – faz parte da segunda fase da estratégia de crescimento criada pelo governo federal e ele deve realizado paralelamente a outros projetos em andamento. “Vamos fazer reformas com o carro andando. O Brasil não tem tempo de esperar”, declarou. Além disso, Dilma destacou que o Brasil tem um grande gargalo em infraestrutura, mas que há avanços nessa área. “Atualmente, o Brasil está formando mais engenheiros que advogados” ressaltou, lembrando que isso demonstra investimentos.

Será que ela pensa que vai enrolar esses investidores? O Brasil está fazendo reformas enquanto outros projetos estão em andamento? Onde? Ela sabe que eles, investidores, têm pleno conhecimento da situação do país e só colocarão o seu dinheirinho se tiverem certeza da rentabilidade mínima que desejam e da segurança absoluta sobre as regras que regem os investimentos. Na realidade faz esse discurso em NY para “cumprir tabela” e para se apresentar, no script do João Saldanha, diante do público interno, leia-se povo brasileiro, como uma presidente ativa.

Mas ela não tem o direito de mentir. Nem aqui no país nem lá fora.

Por ano, 70 mil advogados recém-formados são admitidos nos exames da Ordem dos Advogados do Brasil. Muitos mais se formam e não conseguem passar no exame da Ordem. O Brasil tem 750.000 advogados, ou um profissional para 260 habitantes, segundo a OAB. A proporção é praticamente a mesma dos EUA (1 para 253).

Enquanto isso o Brasil forma cerca de 40 mil engenheiros por ano, segundo o CONFEA (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia ), e há no país 600 mil engenheiros. Segundo estimativas do CONFEA, o Brasil tem um déficit de 20 mil engenheiros por ano. A Rússia, a India e a China formam 190 mil, 220 mil e 650 mil, respectivamente. Entidades empresariais, como a Confederação Nacional da Indústria, têm feito estudos sobre o impacto da falta de engenheiros no desenvolvimento econômico brasileiro. Advogados não faltam.

No País há o equivalente a 6 profissionais de engenharia para cada mil trabalhadores. Nos Estados Unidos e no Japão, a proporção é de 25 engenheiros por mil trabalhadores, segundo publicações da Finep. Elas também informam que, dos 40 mil engenheiros que se diplomam anualmente no Brasil, mais da metade opta pela engenharia civil – a área que menos emprega tecnologia. Assim, setores como os de petróleo, gás e biocombustível são os que mais sofrem com a escassez desses profissionais.

Para atenuar o problema, o governo federal lançou no ano passado o Pró-Engenharia – projeto elaborado com o objetivo de duplicar o número de engenheiros formados anualmente no País, a partir de 2016. Elaborado por uma comissão de especialistas nomeada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o projeto prevê investimentos de R$ 1,3 bilhão. Mas, apesar de sua importância para a remoção de um dos gargalos do desenvolvimento econômico do País, o Pró-Engenharia ainda não saiu do papel.

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