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O buraco negro em que Dilma e Haddad colocaram SP

São Paulo é uma cidade difícil de ser administrada.  Décadas e décadas de crescimento desordenado e prefeitos, com raras exceções, agindo em função do curto prazo, com medidas que objetivavam, tão somente, as eleições seguintes e a possibilidade de reeleição, ou da eleição de um correligionário.  É uma questão que não se restringe ao cargo de prefeito.  Atinge governadores de Estado  e presidentes da República.  Dilma é o exemplo atual mais gritante.

Há que se compreender as dificuldades de Fernando Haddad.  Se elegeu como delegado de seu partido, da figura de Lula e da presidente Dilma.  Não tem vida própria, por mais boa vontade que possa ter.  E é refém de si mesmo, das suas promessas de campanha, da própria demagogia, da adesão à ideia de que é possível resolver os problemas da cidade expropriando os mais ricos para dar aos mais pobres, e da ilusão de que com o apoio federal poderia superar os limites que a realidade impõe.  O exemplo maior disso foi o mirabolante “arco do futuro”, um desenho com a finalidade de impressionar na televisão, sem pé na realidade, sem consistência, sem maiores estudos.  Uma irresponsabilidade.

Ainda agora, naufragando no mar de dificuldades, acusa a elite – como se ele, o seu partido e seus criadores dela não fizessem parte – a oposição política e o Judiciário.  Porém os responsáveis são ele mesmo, seu partido que só objetiva o poder, se possível, absoluto, aqueles que o inventaram e a presidente que fala e não faz, que promete e não cumpre, que tenta enganar a opinião pública com projetos e programas com a única finalidade de buscar a reeleição.

Haddad tentou cumprir, de forma enviesada, a lei que estabelece o primeiro ano do mandato como o momento de revisão da planta de valores dos imóveis da cidade para os fins de cobrança do IPTU.   Querendo dar, malandramente, uma de Robin Hood, diminuindo o imposto de alguns milhares e onerando o imposto de milhões, Haddad se confrontou com a Constituição Federal que determina a cobrança de impostos em função da capacidade contributiva do cidadão.  Até agora perdeu, deixando de receber cerca de 800 milhões de reais em 2014, e ainda mais nos anos subsequentes, o que inviabiliza os recursos de contrapartida aos empréstimos desejados de fontes internas e externas. Isso lhe custará a impossibilidade de obter bilhões para os investimentos em seus projetos.

Mas a principal responsável por suas dificuldades é a presidente.  Nela confiou pelo compromisso assumido de revisão dos índices de juros aplicados à dívida do Município para com a União.  Índice que vem sendo aplicado, absurdamente, acima das próprias taxas de juros que a União paga em sua própria dívida pública.  Sofre, e só agora, sente, a incompetente ação da prefeita Marta Suplicy que, para não pagar uma parcela inicial que lhe possibilitaria ter a dívida onerada com 6% ao ano, obrigou a cidade a pagar juros de 9% ao ano. Marta jogou para o futuro a explosão dessa bomba.  Estados e Municípios reivindicam, há anos, a mudança, que Dilma prometeu e não cumpre pois a situação financeira da União também é muito grave.

Nela confiou também pela promessa feita de aporte de bilhões para os seus investimentos.  Nada aconteceu e, se acontecer, será um volumes bem menores que os anunciados e a perder de vista.

Além do mais, em sua política de submissão à presidente, deixou de reajustar as tarifas de transporte coletivo no início do ano, como uma contribuição ridícula do Município ao combate à inflação, que a presidente não sabe como conter a não ser às custas dos Estados e Municípios.  A consequência é o aumento do subsídio que onera não só o orçamento de 2013, como os subsequentes, cumulativamente.

Assim, de desastre em desastre, Haddad coloca a cidade de São Paulo em situação calamitosa, um buraco negro.  Uma medida aqui, outra ali, algumas até de bom senso mas implementadas sem os cuidados com as suas consequências, como a ampliação das faixas exclusivas para o transporte público, não vão mudar, fundamentalmente, o cenário preocupante que se desenha.

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