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Foster deixa perguntas sem resposta e reforça necessidade da CPI da Petrobras

Deputados do PSDB saíram da audiência pública no Senado com a presidente da Petrobras, Graça Foster, convencidos da necessidade de uma CPI para investigar denúncias que envolvem a estatal. Em quase seis horas de depoimento, Foster admitiu que a compra da refinaria de Pasadena (EUA) não foi um “bom negócio” para a Petrobras e confirmou a perda de US$ 530 milhões da companhia com a negociação.

Em vários momentos, ela indicou a existência de falhas no resumo executivo que recomendou a aquisição daquele ativo, elaborado na época pelo diretor da área internacional da estatal, Nestor Cerveró. O ex-diretor prestará depoimento nesta quarta-feira (16), na Câmara, a convite do PSDB.

No entanto, Foster permaneceu em silêncio quando questionada sobre o valor atual de Pasadena e por não ter havido a demissão de Cerveró. Sobre a prisão do ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto da Costa, na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, ela disse que o episódio causou constrangimento e que todos os contratos relacionados à eventual participação dele estão sendo avaliados.

Para o líder em exercício do PSDB na Câmara, Vanderlei Macris (SP), que acompanhou o depoimento no Senado, a exposição técnica da titular da estatal tentou criar uma cortina de fumaça para evitar a instalação da CPI da Petrobras.

“A pergunta mais importante ela não respondeu: por que o Cerveró não foi demitido? Pelo contrário, ele foi indicado para outro cargo. Houve um conluio interno para que essa questão ficasse somente no nível interno”, afirmou. “A investigação específica sobre Pasadena é fundamental para que a gente limpe um pedaço da história da Petrobras”, completou.

Saia justa – O deputado Emanuel Fernandes (SP) disse que foi visível o constrangimento de Foster ao expor a situação de Pasadena e ao tentar blindar gestões anteriores. “Trata-se de uma explicação muito difícil. Uma empresa compra uma refinaria por US$ 360 milhões. Ela é vendida para a Petrobras por US$ 1,25 bilhão e nela já foram aportados quase US$ 600 milhões. Para completar, não sabemos quanto ela vale no mercado hoje”, afirmou.

Na avaliação do parlamentar, a indicação de Foster para a presidência da Petrobras foi uma tentativa do governo de Dilma Rousseff para superar a desorganização na companhia. “Buscaram uma funcionária antiga e respeitada pelos colegas para tentar arrumar a empresa”, acrescentou Fernandes.

De acordo com o deputado Bruno Araújo (PE), a exposição da presidente da empresa foi insuficiente e reforça a necessidade da CPI. “Ela não respondeu a pergunta do senador Cássio Cunha Lima sobre o valor atual de Pasadena para dar clareza do tamanho do prejuízo causado”, declarou.

A respeito do depoimento de Cerveró, Araújo espera que o ex-diretor fale “com absoluta honestidade e transparência sobre o que tem havido na estatal nos últimos anos”.

O depoimento exaustivo de Foster, segundo o deputado Duarte Nogueira (SP), não respondeu a uma questão fundamental. “Por que a presidente Dilma Rousseff, como presidente do Conselho de Administração da Petrobras, autorizou a compra de uma refinaria velha?”.

Pasadena e Petrobras em números

US$ 360 milhões foi o valor que Astra Oil pagou pela refinaria de Pasadena

US$ 1,25 bilhão foi o valor total investido pela Petrobras por Pasadena

US$ 530 milhões é o prejuízo da Petrobras com a compra da refinaria nos EUA

US$ 58 milhões é o lucro líquido de Pasadena registrado entre os meses de janeiro e fevereiro de 2014. No período anterior, só teve resultados negativos

US$ 268 bilhões é o valor atual da dívida da Petrobras

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