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Macris diz que governistas trataram ex-diretor da Petrobras preso pela PF como técnico exemplar

8614050579_db1e6ee1d1_h-300x200Suspeito de participar de um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado R$ 10 bilhões, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa recebeu nesta terça-feira (10) todas as honras e reverências da base governista que domina a CPI da Petrobras no Senado.

 “Há, no mínimo, uma incoerência. Enquanto a Polícia Federal e os órgãos de controle tratam o Paulo Roberto como criminoso, governo e aliados o consideram um executivo exemplar”, criticou o líder em exercício do PSDB na Câmara, deputado Vanderlei Macris (SP).

Em pouco mais de quatro horas de depoimento, o ex-diretor negou que tenha sido montada uma “organização criminosa” na Petrobras, conforme revelou a Polícia Federal. Ele alegou inocência sobre todas as acusações que recaem sobre ele, como o recebimento de propinas de empresas fornecedoras da estatal. Além disso, jogou para a área de Serviços e para a Diretoria Executiva da companhia toda a responsabilidade pelos contratos e aditivos da obra de construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Costa voltou a chamar de “conta de padeiro” a definição do orçamento do empreendimento . Segundo ele, a Petrobras errou ao divulgar custos preliminares de uma obra que não tinha sequer projeto e nenhuma licitação definida. Orçada inicialmente em US$ 2,5 bilhões, a refinaria Abreu e Lima enfrenta atraso de quase quatro anos e custará ao todo US$ 18,5 bilhões.

QUEM CALA CONSENTE – Ao ser detido pela Polícia Federal em março, Costa mantinha no cofre de sua residência, no Rio de Janeiro, mais de R$ 700 mil em dinheiro vivo, além de quase US$ 180 mil e mais de 10 mil euros. A respeito da quantia em real encontrada, disse que seria para pagar impostos. O montante em dólar, afirmou ele, foi acumulado ao longo dos 35 anos que se dedicou à Petrobras.  As notas em euro seriam para turismo, de acordo com Costa.

A resposta evasiva conformou os governistas, que só no final da audiência perguntaram a respeito dos motivos e das circunstâncias da demissão dele da Diretoria de Abastecimento e, consequentemente, da Petrobras, em 2012. Depois de dizer que coube ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, demiti-lo, o ex-diretor não foi questionado pelos aliados do Palácio do Planalto sobre o motivo pelo qual a iniciativa não partiu da presidente da estatal, Graça Foster.

Na avaliação de Macris, os governistas demonstraram na audiência que não tinham a menor disposição de fazer qualquer polêmica com Costa. “Até porque ele sabe muito. Qualquer entrevero ali poderia deixá-lo nervoso e ele acabaria contando o que sabe”, disse o tucano. “A CPI do Senado é um jogo de cartas marcadas. É sempre mais do mesmo e sem qualquer surpresa”, acrescentou.

O líder em exercício defendeu os objetivos e a transparência da CPI Mista da Petrobras. “Essa sim estabelecerá o contraponto. Poderemos fazer o debate com perguntas específicas para ele”, garantiu.

O deputado Duarte Nogueira (SP) reforçou também os propósitos da comissão mista. “A Petrobras precisa ser passada a limpo e isso não acontecerá por meio da CPI do Senado, que é usada pelo governo para fazer propaganda de si mesmo”, afirmou.

DEPOIMENTO NA CPMI – Nesta quarta-feira (11), a CPI Mista da Petrobras recebe Graça Foster. A titular da empresa já esteve no Congresso em três audiências nos últimos dois meses para esclarecer, especialmente, a compra da refinaria de Pasadena (EUA), que custou, ao todo, US$ 1,249 bilhão para a companhia, e os indícios de superfaturamento em obras de refinarias, conforme identificou o Tribunal de Contas da União (TCU).

Suplente do PSDB da Câmara na comissão, o deputado Izalci (DF) afirmou que o depoimento de Foster deve acrescentar pouco às investigações, pois senadores e deputados do colegiado ainda não dispõem de documentos do TCU e da Polícia Federal. “Se for o caso, ela será chamada novamente para prestar mais esclarecimentos”, afirmou o parlamentar.

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