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Franco Montoro – 15 anos depois  

foto (2)Há exatos 15 anos, no aeroporto que hoje leva seu nome, o governador Franco Montoro sofreu uma parada cardíaca. No seu aniversário de 83 anos, ele embarcava com Dona Lucy para o México, onde iria participar de um congresso e defender a restrição ao fluxo dos capitais especulativos. Faleceu dois dias depois.

Nascer no 14 de Julho, dia da Queda da Bastilha, lhe rendeu o nome de André Franco, e de alguma forma se revelou providencial. Por toda a vida lutou pela democracia plena. Parlamentarista, incentivou a participação da sociedade no exercício do governo, promoveu a descentralização do poder, proporcionou renovação política abrindo espaço para novos quadros. José Serra, José Gregori, Paulo Renato Souza foram seus secretários de Estado. Aloysio Nunes Ferreira, líder do governo na Assembleia Legislativa.

Como governador Montoro municipalizou a construção de escolas e a escolha da merenda, ampliou o Metrô, abriu milhares de quilômetros de estradas vicinais, equipou as polícias e aumentou os salários dos policiais, criou a primeira secretaria do Meio-Ambiente, expandiu a rede de água e esgoto.

O presidente Fernando Henrique Cardoso é enfático em lembrar que a disposição para convocar o primeiro grande comício das Diretas partiu do Montoro. Todos receavam uma retaliação da ditadura, mas a “teimosia” do Montoro acabou prevalecendo e campanha pela volta da eleição direta foi deflagrada.

Montoro dizia e repetia que “ninguém mora na União, nem nos estados, mas nas cidades”. Por isso dividiu o poder do governo do estado de São Paulo em 42 regiões administrativas, aproximando os representantes dos representados. Uma das plataformas eleitorais apresentadas por Aécio Neves é fazer o mesmo chegando ao Planalto, fortalecendo o poder dos municípios.

Nos anos 1950 o Montoro já falava da importância da preservação da água para o desenvolvimento econômico e social e o meio-ambiente. Hoje o povo paulista sofre com a maior seca dos últimos oitenta anos, exigindo do governador Geraldo Alckmin uma habilidade literalmente sobrenatural na administração da crise.

O legado do Montoro é muito vasto para um artigo. A maior homenagem está no pulsar das ruas. As manifestações populares de junho de 2013 provam que as pessoas querem participar, estão preocupadas com a mobilidade e o meio-ambiente. Quinze anos depois de sua morte, Montoro continua necessário e urgente.

*Léo Coutinho, escritor e jornalista, tucano de São Paulo e sobrinho-neto orgulhoso de André Franco Montoro

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