Em entrevista concedida ontem ao Jornal Nacional, da Rede Globo, a presidente Dilma se viu obrigada a admitir que a situação da saúde no país, após 12 anos de governo do PT, não pode ser considerada minimamente razoável.
Não havia outra coisa a dizer. Se tentasse maquiar a realidade, a presidente passaria vergonha. Todo mundo sabe que a saúde vai mal. Muito mal. Segundo pesquisa do Datafolha, hoje ela é apontada por 45% da população como principal problema do país. Em 2003, primeiro ano do PT no comando do país, somente 6% diziam isso.
O fato é que, em relação à saúde, o PT em geral e Dilma em particular abandonaram os brasileiros à própria sorte. A começar pela falta de investimento no setor. No ano 2000, na gestão Fernando Henrique, a União contribuía com quase 60% (para ser exato, 59,8%) dos gastos com saúde pública em todo o país. O percentual caiu ano a ano durante as gestões Lula e Dilma e em 2012 foi de apenas 44% do total. No Canadá, os gastos do governo federal são 70% do total. Na Argentina, 61%. A média mundial é de 59%.
Os países do mundo todo dedicam em média 15,2% de seus orçamentos anuais à saúde. No Brasil, o PT dedica exatamente a metade: 7,6%. Não bastasse reservar pouco dinheiro, o governo nem sequer investe toda a quantia que deveria aplicar na área. Entre 2011 e 2013, Dilma deixou de investir R$ 19,2 bilhões da verba previamente destinada à saúde.
Infelizmente, o PT barrou no Congresso todas as tentativas de alocar mais verba para a saúde. Programas realmente vitoriosos e que estão longe de ser uma jogada de marketing, como o Saúde da Família, foram praticamente deixados de lado. Entre 1995 e 2002, o PSF expandiu-se à taxa de 63% por ano. De 2003 a 2011, cresceu 7% por ano. Hoje, enfraquecido, o programa mal consegue cobrir metade da população brasileira. É uma pena, porque em municípios brasileiros atendidos pelo PSF, a mortalidade por doenças cardíacas caiu 21% entre 2000 e 2009.
Numa área tão sensível como a saúde, em que a má gestão e os desmandos são ainda mais graves por afetarem diretamente a chance de cada cidadão viver bem, o PT não corta somente verbas. Nos últimos quatro anos, foram extintos 13 mil leitos hospitalares da rede pública do SUS. A tabela do SUS não sofre reajuste linear há muitos anos. Por uma consulta médica hoje pagam-se tão somente R$ 10. Resultado: a maioria das 2.100 Santas Casas do país, que atendem gratuitamente 3 milhões de pessoas pelo SUS, está atolada em dívidas. Algumas já estão recusando pacientes.
Enquanto isso, Dilma se limita a importar mais médicos, porém com regras definidas por Cuba. O Brasil precisa de mais médicos, sejam brasileiros ou estrangeiros. Mas também precisa de mais recursos, mais hospitais, mais unidades de saúde, mais equipamentos e sobretudo mais vontade política de realmente enfrentar os problemas que afligem milhões de brasileiros.
Como Dilma só entregou 23 das 500 novas Unidades de Pronto Atendimento que prometeu, ela não poderia mesmo dizer outra coisa senão que a saúde do Brasil, sob o governo do PT, está longe de ser minimamente razoável.