O candidato da Coligação Muda Brasil à Presidência da República, Aécio Neves, afirmou, nesta quarta-feira (10/09), que o Partido dos Trabalhadores é imbatível quando se trata do descompromisso com a ética. Em sabatina realizada pelo jornal O Globo no Museu de Arte do Rio (MAR), na capital fluminense, Aécio criticou o governo petista por não ter tido a coragem necessária para realizar as reformas de que o país necessita nos campos político, previdenciário e tributário.
“Vamos fazer justiça ao PT. No descompromisso com a ética, eles são imbatíveis. Aquilo que eu mais cobro do presidente Lula, que acho que foi o maior desserviço que infelizmente foi prestado ao Brasil, foi que em um momento extraordinário da vida nacional, entre 2003 e 2008 até a crise internacional, ele tinha um tripé que é raríssimo de se construir na vida de um país: economia crescendo, com um fluxo enorme de recursos vindo para o Brasil, estabilidade absoluta no plano econômico e paz para o governante, uma base de apoio ilimitada no Congresso Nacional e uma popularidade pessoal estratosférica. Ele tinha ali as condições para termos avançado na reforma política, previdenciária e tributária”, avaliou.
Para Aécio, a sobrevivência do processo político brasileiro e da própria democracia depende do cumprimento dessas promessas. “Temos que fazer essas reformas, senão a desmoralização vai ser a cada dia maior e isso contamina a todos, não apenas aos maus políticos”.
‘Nova política’
Aécio cobrou ainda da candidata do PSB, Marina Silva, esclarecimentos acerca da “nova política” defendida por ela. Ele lembrou que apesar de cobrar da atual presidente da República, Dilma Rousseff, que “admita suas falhas para corrigir seus caminhos”, Marina não menciona os seus 24 anos de militância no PT.
“Da mesma forma que eu sou contundente ao dizer que o governo da presidente Dilma perdeu a capacidade de apresentar ao Brasil um novo projeto, de inspirar confiança e autoridade, a meu ver, política e moral para governar o Brasil por mais quatro anos, eu me acho no dever, mais do que no direito, de querer saber de forma muito clara em qual Marina estão votando”, destacou.
“Vejo a Marina falar muito dessa ‘nova política’. Não vejo a candidata, que cobra muito da presidente Dilma que admita os seus equívocos, pelo menos chamar a atenção para os seus 24 anos de militância no PT. Não foram 24 dias, 24 horas. Foram mais de 20 anos com mandatos consecutivos. Não que isso a desabone, mas é parte da história. Será que quando combatíamos o PT, já denunciávamos o mensalão, combatíamos o aparelhamento da máquina pública, e ambas as candidatas eram colegas de ministério, nós fazíamos a velha política? A boa política era aceitar silenciosamente tudo aquilo que estava acontecendo e que já indignava o Brasil?”, questionou.
Aécio salientou que a candidatura da Coligação Muda Brasil se destaca por ser a única com propostas concretas. “O Brasil não é brinquedo. Estou oferecendo ao Brasil um projeto, um time altamente qualificado, a minha experiência de administrador público. Isso é essencial em um quadro de dificuldades. O Brasil não é para iniciantes. O que nos espera, em consequência do conjunto da obra desse governo, é um quadro extremamente preocupante, do ponto de vista econômico e da maioria dos nossos indicadores sociais.”
Petrobras
Aécio exigiu ainda o aprofundamento das investigações acerca de denúncias de corrupção envolvendo a maior empresa pública brasileira, a Petrobras.
“Não é o Aécio, candidato à Presidência da República, que está dizendo, é a Polícia Federal que está dizendo: existe uma organização criminosa atuando no seio da Petrobras. Isso está acontecendo desde 2004. E quem diz isso não é um líder nosso de oposição, não são denúncias eleitoreiras. O principal diretor [Paulo Roberto da Costa], nomeado pelo governo, e que chegou a assumir a presidência da Petrobras, é que está dizendo que 3% do valor das obras eram pagos para uma base de sustentação do governo. Isso tem que ser investigado em profundidade, e têm que ser responsabilizados aqueles que participaram disso”, completou.