De tão repetitivo, quase cansa. Mas o assunto é inevitável: o assalto que os petistas perpetram na Petrobras. Inevitável porque a cachoeira de denúncias não para de jorrar, cada vez mais próxima do Palácio do Planalto. São denúncias novas quase diárias.
Para ser exato, as suspeitas de falcatruas já não rolam próximas, mas simplesmente inundam o centro do poder. Neste fim de semana, soube-se que Gleisi Hoffmann, ex-ministra-chefe da Casa Civil, pode ter recebido uma bolada de R$ 1 milhão do esquema criminoso que se instalou na estatal na era petista.
Gleisi parece confirmar uma triste sina do principal ministério da República na era petista. Quase todos os que por lá passaram ao longo dos últimos 12 anos se enredaram em falcatruas. Quase sempre das grossas.
José Dirceu foi o primeiro deles, tirado de lá pelas denúncias do mensalão. Julgado pelo STF, cumpre pena na penitenciária da Papuda em Brasília, condenado por corrupção ativa – do crime de formação de quadrilha, ele conseguiu se livrar na repescagem…
Foi sucedido por Dilma Rousseff, cuja missão era envergar o figurino de eficiente gerente e tornar-se a “mãe do PAC”. Pelos pífios resultados que o governo dela, como presidente, produziu nestes últimos quatro anos, vê-se sem dificuldades o tamanho do engodo.
Sucedeu-a Erenice Guerra, cujas traficâncias na Esplanada dos Ministérios tinham proporções familiares. Reconhecida como “braço direito” de Dilma, não aguentou seis meses no cargo, apanhada em tenebrosas transações. Ainda hoje, contudo, vaga, assim como seus familiares, por gabinetes de Brasília…
Já no governo da atual presidente, Antonio Palocci mal aguentou seis meses no cargo. Caiu sem conseguir explicar como enriquecera tanto na condição de ex-todo poderoso ministro da Fazenda de Luiz Inácio Lula da Silva.
Gleisi Hoffmann foi até longeva no cargo, que ocupou por quase três anos. Eleita senadora pelo PT do Paraná e derrotada no início do mês quando tentava o governo do estado, pode ter tido sua campanha financiada pelo dinheiro sujo do esquema criminoso que se instalou na Petrobras, segundo afirmou Paulo Roberto Costa em depoimento à Polícia Federal.
No sábado, a presidente da República, que até então só dera crédito às denúncias do ex-diretor da Petrobras quando elas envolveram o nome de um ex-dirigente tucano, admitiu que houve desvio de dinheiro público na estatal: “Houve, viu?”, afirmou, finalmente, ela. Ontem, em debate na TV Record, deu um passo atrás, dizendo que enxerga só “indícios”.
A Casa Civil é apenas o microcosmo mais vistoso do que acontece de maneira disseminada no organograma petista. Dilma e Lula ficarão marcados na história como governos em que a corrupção comeu solta. O segundo gabinete mais poderoso da República poderá ter sido onde foram servidos os banquetes mais fornidos.