Mais um dirigente da Petrobras foi obrigado a afastar-se da empresa envolto em grossa suspeita de corrupção. Mais uma vez, a saída acontece a pedido. O padrão se repete: quando alguém é flagrado em tenebrosas transações, o governo petista estende-lhe o tapete vermelho. Demitir jamais.
Citado na Operação Lava Jato, Sérgio Machado apresentou ontem pedido de licença da presidência da Transpetro, cargo que ocupava desde que o PT chegou ao poder. A licença deve converter-se em saída definitiva, tão logo os holofotes se virem para algum outro escândalo.
Machado foi docemente constrangido a deixar o cargo que ocupa há quase 12 anos depois que a empresa que audita as contas da Petrobras negou-se a assinar o balanço relativo ao terceiro trimestre da estatal enquanto o nome do presidente da subsidiária não fosse retirado de lá. Parece um vexame, e é.
Na sexta-feira, a reunião do conselho de administração da Petrobras foi interrompida depois que a PricewaterhouseCoopers apresentou a ressalva. Machado é acusado de repassar R$ 500 mil em dinheiro vivo a Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, como parte do esquema que pode ter desviado R$ 10 bilhões da companhia. Como a SEC, xerife do mercado americano, investiga o caso, os auditores redobraram os cuidados.
A saída do presidente da Transpetro emula o padrão verificado quando Costa deixou a Petrobras. A renúncia do ex-diretor foi saudada em ata da reunião do conselho de administração por “relevantes serviços prestados”. Contra todas as evidências, Dilma Rousseff jura até hoje que foi ela quem o demitiu. Fará o mesmo com Machado?
O nome de Sérgio Machado já aparecera em denúncias de fraudes em licitações, como a que contratou 20 comboios para transportar etanol na hidrovia Tietê-Paraná. Realizada há dois anos, não entregou nem uma peça até hoje, embora tenha consumido R$ 22 milhões. É alvo de investigação do Ministério Público.
Pior é que os escândalos na Petrobras e em suas subsidiárias continuam pipocando. O próximo deve envolver a compra de duas refinarias no Paraná, num episódio que ficou conhecido como “mini Pasadena”. As duas unidades valiam pouco menos de R$ 200 milhões, mas a estatal pagou R$ 255 milhões por metade delas, num padrão bem parecido com o que adotou na aquisição feita nos EUA, como revela hoje o Valor Econômico.
Durante a campanha eleitoral, a candidata oficial repetiu que, sempre que se viu diante de malfeitos, demitiu os envolvidos. Mentira. A saída de Sérgio Machado da Transpetro é mais um exemplo de que os corruptos só deixam o governo petista por conta própria ou quando alguma instituição externa assim exige. Se dependesse do PT, continuariam sãos e salvos.