O final melancólico do atual mandato da presidente reeleita Dilma Rousseff não poderia ser pior. Além de todos os erros cometidos na economia, que provocaram graves problemas como a queda do PIB, a estagnação econômica e o aumento da inflação e dos juros – já sabidos e sentidos por todos os brasileiros -, o atual governo vive um momento de apagão generalizado: de gestão e de comando.
Pressionada por Lula, pelo PT e por aliados que cobram a fatura pelo apoio à sua reeleição – numa das campanhas mais nefastas da história política recente –, Dilma não sabe o que fazer nem que rumo tomar. De fora do país, acompanhou o pedido de demissão da ministra Marta Suplicy, tida como forte neste mandato, que saiu atirando na política econômica deste governo, demonstrando estar desconcertada com a absoluta paralisia da “chefa”. E o pior, teve que ouvir críticas ácidas de um de seus principais ministros, o também demissionário e histórico militante petista Gilberto Carvalho. Ainda assim, Dilma nada fez de novo ou reconfortante para, de alguma forma, tranquilizar a nação.
A inércia e a incompetência também provocam desespero. Na iminência de incorrer em crime de responsabilidade e estar sujeita a um processo de impeachment, a presidente cometeu uma verdadeira atrocidade: enviou ao Congresso um projeto para burlar a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e, assim, não precisar fazer nenhuma economia para pagar as dívidas do governo, que gasta muito mal e bem acima do que arrecada. Isso é muito grave e, nós, da oposição, já deixamos claro que não aceitaremos mais esta manobra espúria, típica de um governo autoritário, que, incapaz de cumprir as leis, acha por bem mudá-las ao seu bel prazer!
Não bastasse tudo isso, os minutos finais do primeiro mandato de Dilma são marcados pelo Petrolão, um novo escândalo de corrupção e lavagem de dinheiro, sem precedentes, muito maior do que o próprio Mensalão do governo Lula. Após os depoimentos dos delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, ficou claro que a corrupção rolou solta também ao longo da gestão Dilma, com o envolvimento direto de membros do governo indicados pelo PT e de aliados, o que, infelizmente, causou um prejuízo inestimável à Petrobras.
O fato é que a nossa maior empresa pública já perdeu mais da metade de seu patrimônio e deve sofrer ainda mais nos próximos meses, quando as investigações no Brasil, e agora também no Exterior, deverão repercutir drasticamente na companhia.
Mas quem perde mesmo com toda essa bandalheira é a população brasileira, já cansada de tantos desmandos e de tanta corrupção. As eleições de outubro deixaram muito clara a insatisfação de mais da metade dos eleitores – 51 milhões de votos de Aécio Neves e os mais de 7 milhões que votaram em branco ou anularam a escolha. E essa insatisfação tenderá a aumentar na mesma proporção da crise que toma conta do governo. A presidente reeleita, em resumo, está à beira do abismo, pois resta a ela amargar a “herança maldita” que ela mesma deixou para si ou se escarafunchar no buraco cavado a muitas mãos petistas desde o Mensalão.
Deputado federal (SP) e coordenador jurídico do PSDB Nacional.